Ativistas denunciam julgamento de camponês em Honduras

José Isabel Morales, Chabelo, como é conhecido pelos seus amigos e familiares, camponês e membro do Movimento Campesino de Àguan (MCA), foi preso, julgado e condenado a 20 anos de prisão por crime de homicídio, na última sexta-feira (7), pelo Tribunal de La Ceiba, em Honduras.

José Isabel Morales foi preso, julgado e condenado a 20 anos de prisão por crime de homicídio

O julgamento está envolto em polêmica e segundo o advogado de Chabelo, assim como organizações que defendem os direitos humanos, o camponês é vítima de injustiça, pois não há provas e nem testemunhos verídicos que comprovam a culpa do camponês no crime a qual lhe foi atribuído.

O camponês foi capturado em 17 de outubro de 2008 pela acusação de crimes de homicídio, tentativa de homicídio, roubo qualificado e incêndio agravado. A condenação por homicídio aconteceu depois de cinco anos e quatro meses da acusação de 14 crimes também atribuídos a Chabelo. Ele foi absolvido de 13 crimes, porém foi condenado pelo crime de homicídio, o assassinato de Carlos Manrique Osorto Castillo, sobrinho do policial Henry Osorto, que esteve envolvido em conflitos de terras com a comunidade " Guadalupe Carney”, a qual Chabelo fazia parte.

Desde o primeiro momento da acusação dos crimes, Chabelo alegou sua inocência. O site Conexihon conversou horas antes do julgamento com a mãe de Chabelo, Ramona Lopéz, que ratificou a inocência de seu filho e relatou o que aconteceu no dia do incidente. Na opinião de Ramona, a motivação da acusações contra o filho é oriunda dos conflitos entre proprietários de terras, policiais e camponeses da região.” Peço que coloquem a mão na consciência, pois meu filho é inocente. Tem cinco filhos que dependem dele. O maior tem apenas 12 anos e não é justo que passe mais de cinco anos preso por um crime que ele não cometeu” desabafou a mãe.

O defensor internacional dos direitos humanos Greg McCain alerta para o fato de que o julgamento de Chabelo foi manipulado pela parte acusadora. Ele enfatiza que os testemunhos são contraditórios e que não há provas, muito menos evidências que comprovem o envolvimento de Chabelo no crime. Na opinião do defensor, o julgamento foi fabricado.

Segundo o advogado de defesa de José Isabel Morales, Omar Menjívar, houve graves irregularidades no julgamento. Menjívar denuncia que o Ministério Publico não agiu de boa fé e aceitou os falsos testemunhos contra Chabelo.

O coletivo La Voz de los de Abajo, dos Estados Unidos, também declara que rejeita e condena o veredito do julgamento do camponês. Segundo o grupo, as autoridades de Honduras são coniventes com a injustiça contra os camponeses e nada fazem para mudar esse cenário desolador.

A condenação de Chabelo refletiria o poder dos proprietários de terras de Honduras, juntamente com a influencia do policial Henry Vicente Osorto, que lideram campanhas de difamação e querem passar a imagem de criminosos e terroristas dos camponeses.

Fonte: Adital