Maria da UJS comemora retirada da indicação de Bolsonaro

Após o beijaço realizado por mulheres da União da Juventude Socialista (UJS), na Câmara Federal, na terça-feira (11), o Partido Progressista (PP) retirou a indicação do nome do deputado federal Jair Bolsonaro à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Casa (CDH). Em entrevista à Rádio Vermelho, Maria das Neves, diretora de Jovens Feministas da UJS, comemorou a decisão e deu detalhes da ação.


Foto: Página da UJS

“Não somos héteros, nem lésbicas, somos livres”, disseram em alto e bom som as jovens feministas durante o protesto contra a indicação do parlamentar à presidência da CDH, na terça, também munidas de cartazes e entoando palavras de ordem.

O ato chamou a atenção de quem passava no local, inclusive do próprio Bolsonaro, que após o beijaço fez questão de ir ao encontro das manifestantes para enfrentá-las “com piadas machistas e sem graça”. Elas entregaram a ele o cartaz da campanha iniciada pela UJS “Mais Amor, Menos Bolsonaro” afirmando “Bolsonaro, os direitos humanos não precisam de você”.

“Iniciamos a campanha ‘Mais amor, menos Bolsonaro’ que contagiou as redes sociais e que gerou a nossa ação no Congresso Nacional”, destacou Maria, revelando que a ação planejada seria maior. Porém, o ônibus com a juventude foi impedido de ter acesso ao Congresso e os seguranças das casas legislativas foram acionados para impedir a entrada de um número maior de jovens. Mesmo assim, cinco mulheres conseguiram entrar e, enfim, promover o beijaço. Além de Maria, também participou Luiza Caveltte, estudante de ciências políticas da UNB.

Segundo informações de Maria das Neves, que visitou a liderança do PP para entregar o cartaz da campanha e apresentar o posicionamento da UJS contra a nomeação de Bolsonaro, a cúpula do PP anunciou na quarta (12) que não vai indica-lo para comandar a Comissão e que não há interesse em ocupar essa comissão, mas sim a Comissão de Minas e Energia.

Para Maria das Neves, o protesto foi uma demonstração da força dos movimentos de juventude: “A gente mostra que é com ousadia da juventude, que durante toda a história do nosso país ajudou a mudá-la e a combater tudo o que há de mais negativo, de retrocesso. Mais uma vez a juventude esteve atenta para impedir que esse grande erro acontecesse novamente. Já houve um grande equívoco com o Feliciano e isso não poderíamos permitir que novamente acontecesse”.

Bolsonaro é um velho conhecido dos movimentos defensores dos direitos humanos mas, como representante da ditadura militar, da tortura, dos que são preconceituosos e contrários a união homoafetiva, dos que defendem a redução da maioridade penal. Ou seja, tudo que representa o retrocesso na trajetória dos movimentos ligados à luta pelos direitos humanos.

Em 2013, o pastor evangélico e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) presidiu a Comissão representando um grande retrocesso para os movimentos sociais, como LGBT’s, índios e negros, que não tiveram representatividade na Comissão. O “Fora Feliciano” foi uma das palavras de ordem mais repetidas nas ruas por conta de seus posicionamentos classificados como homofóbicos – contra gays, lésbicas e transgêneros – e preconceituosos.

Das propostas mais polêmicas que chegaram a entrar na pauta da comissão, destaque para três projetos defendidos pelos evangélicos: o que permite a psicólogos a tentativa de “cura” de homossexuais, o que penaliza a discriminação contra heterossexuais e o que torna crime a homofobia. Nesse último caso, Feliciano atuou para engavetar a matéria.

“A UJS neste ano realiza seu 17º Congresso e completa 30 anos. Em 30 anos, não pode se contar a história do Brasil sem que se encontre nela as digitais das vitórias que a juventude obteve, as digitais da UJS. Poderemos dizer daqui um tempo, se isso foi uma vitória, sem dúvida nenhuma contou com apoio da juventude brasileira e com o protaginisto da União da Juventude Socialista”, ressaltou Maria.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho

Confira entrevista abaixo: