China e Paquistão avançam aproximação estratégica e regional
Os líderes da China e do Paquistão assinaram acordos para projetos de energia e infraestrutura nesta quarta-feira (19), e prometeram dar “contornos práticos” em breve ao corredor de comércio e transporte que ligará os dois países vizinhos. Os documentos foram assinados durante uma reunião entre o presidente chinês Xi Jinping e o paquistanês Mamnoon Hussein, em Pequim, quando outras questões estratégicas e securitárias também foram abordadas.
Publicado 20/02/2014 09:50
A viagem à China é a primeira visita oficial do novo presidente, que assumiu o cargo em setembro de 2013, e os dois chefes de Estado instaram ao trabalho acelerado para o projeto multibilionário.
Entre os documentos assinados estão memorandos de entendimento sobre a construção do novo aeroporto internacional Gwadar, a melhoria de um trecho da estrada de Karakoram, que ligará os dois países, e o estabelecimento de um centro de pesquisa conjunta sobre a tecnologia hidroelétrica.
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, o valor dos acordos assinados chega a cerca de US$ 20 bilhões (R$ 48 bilhões). Sem confirmar a estimativa, Luo Zhaohui, diretor do Departamento de Assuntos Asiáticos do Ministério chinês de Relações Exteriores, disse ao jornal China Daily que a quantia final depende da implementação dos projetos.
A China compartilha uma fronteira de 600 quilômetros com o Paquistão. O projeto de corredor econômico multibilionário conectando Kashar, na região autônoma uigur de Xinjiang ao porto paquistanês de Gwadar, no sudoeste do país vizinho, foi proposto pelo primeiro-ministro chinês Li Keqiang, durante a sua visita a Islamabad, em maio passado.
“Os líderes da China e do Paquistão urgiram seus departamentos relevantes a acelerarem o trabalho para o corredor econômico,” afirmava um comunicado conjunto emitido após a reunião dos dois presidentes, nesta quarta.
O texto diz que os departamentos devem se esforçar para garantir que o corredor “comece a ganhar forma em breve e resulte em benefícios tangíveis.”
Aproximação estratégica
“A amizade com a China é o pilar mais importante da nossa política externa e de segurança,” disse Hussain ao presidente Xi, enfatizando que todos os partidos políticos do seu país apoiam a relação única com a China.
O presidente chinês disse que o seu país irá, “como sempre, ver as suas relações com o Paquistão desde uma altura estratégica e de um ângulo de longo prazo, fazendo dessa relação uma prioridade da diplomacia de vizinhança.”
Luo Zhaohui disse que os dois líderes alcançaram um consenso sobre o desenvolvimento da indústria energética do Paquistão. No comunicado conjunto, a China garante ao vizinho seu “completo apoio” para enfrentar seu déficit energético, sobretudo no ramo renovável, também através do investimento das empresas chinesas no Paquistão.
Mushahid Hussain, presidente do Instituto Paquistão – China e do Comitê de Defesa do Senado paquistanês disse ao China Daily que o corredor econômico está no topo da agenda da visita oficial, e notou que também faz parte do cinturão econômico da Rota da Seda proposto por Xi no Cazaquistão, em 2013.
Cooperação de reflexo regional
“A cooperação regional, conduzida pela economia e pela energia, é a estrada em que os dois países estão avançando juntos no século 21,” disse Hussain. No mesmo sentido, Chen Jidong, diretor do Centro de Estudos sobre o Paquistão, da Universidade de Sichuan, disse que o corredor também beneficiará os países da Ásia Central, inclusive Irã e Afeganistão.
Além disso, os dois líderes reconheceram também o terrorismo como outra área de cooperação estratégica. “O Paquistão reconhece o Movimento Islâmico do Turquistão Oriental (Mito) como uma organização terrorista, o que oferece uma ameaça comum à paz e à estabilidade da China e do Paquistão,” ressaltava o comunicado.
Fu Xiaoqiang, diretor do Centro de Estudos sobre Contraterrorismo, filiado aos Institutos da China sobre Relações Internacionais Contemporâneas, disse à China Daily que o Mito – responsável por inúmeras mortes na região autônoma chinesa de Xinjiang – tem sido financiado pela rede Al-Qaeda, e que seus membros são ativos nas áreas tribais do Paquistão e do Afeganistão.
A China e o Paquistão também prometeram aumentar a cooperação em tecnologia de defesa e a acelerar as negociações para uma área de livre-comércio.
Xi também disse ao presidente paquistanês, Mamnoon Hussain, que Pequim reconhecer os esforços de Islamabad para melhorar as suas relações com a Índia, o que foi reafirmado por Hussain. As tensões e guerras recentes entre os dois lados é um fator de preocupação mundial, com repercussões graves para a segurança regional.
O presidente paquistanês iniciou uma visita de Estado de três dias à China na terça-feira (18), reunindo-se com o líder parlamentar Zhang Dejiang na quarta-feira. Sua reunião com o premiê Li também está agendada.
Com informações do China Daily,
Da redação do Vermelho