Bancos cortam 1.024 empregos e rotatividade reduz salários
O sistema financeiro fechou 1.024 postos de trabalho em janeiro de 2014. O número só não foi maior porque a Caixa Econômica Federal criou 521 vagas no mesmo período. A redução de empregos anda na contramão do conjunto da economia do país, que gerou 29.595 novos postos de trabalho no primeiro mês do ano.
Publicado 27/02/2014 11:32
Os dados constam na Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada nesta quarta-feira (26) pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que faz o estudo com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Segundo o estudo, os bancos brasileiros contrataram 2.613 funcionários em janeiro e desligaram 3.637. Vinte estados apresentaram saldos negativos de emprego. Os maiores cortes ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 278, 177 e 114 cortes, respectivamente.
"Apesar dos lucros bilionários, os bancos brasileiros, principalmente os privados, continuaram reduzindo postos de trabalho, a exemplo de meses anteriores, o que é completamente injustificável. Desta forma, eles travam a geração de empregos e renda, prejudicam o emprego dos bancários e não contribuem para o crescimento com desenvolvimento econômico e social do país", avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
Salários menores
A pesquisa mostra que o salário médio dos admitidos pelos bancos em janeiro foi de R$3.443,22 contra o salário médio de R$5.407,07 dos desligados. Ou seja, os trabalhadores que entram no sistema financeiro recebem remuneração 36,3% inferior à dos que saem.
"Os bancos privados seguiram praticando rotatividade, esse instrumento nocivo utilizado para enxugar a massa salarial e aumentar ainda mais os lucros", critica o dirigente sindical. "Um dos grandes desafios dos bancários em 2014 é ampliar a luta contra as demissões e as terceirizações, por mais contratações e pelo fim da rotatividade, como forma de proteger e ampliar o emprego", aponta Cordeiro.
"Com essa rotatividade, responsabilidade social, sustentabilidade e desenvolvimento viraram peças de marketing dos bancos. Precisamos enfrentar e transformar essa realidade, visando aumentar os postos de trabalho e a remuneração dos bancários, na perspectiva da retomada da geração de empregos e renda e da melhoria do atendimento aos clientes e à população", ressalta o presidente da Contraf-CUT.
Renda maior
A soma do lucro registrado por quatro bancos brasileiros em 2013 (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander), que chegou a cerca de US$20,5 bilhões, é maior que o Produto Interno Bruto (PIB) estimado de 83 países no mesmo ano, segundo levantamento feito com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Os lucros foram divulgados em reais e convertidos em dólar, considerando a cotação do último dia 13.
No Itaú, por exemplo, cada diretor recebeu, em média, R$9,05 milhões em 2012, o que representa 191,8 vezes o que ganhou o bancário do piso salarial. No Santander, cada diretor embolsou, em média, R$5,62 milhões no mesmo período, o que significa 119,2 vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que pagou, em média, R$5 milhões no ano para cada diretor, a diferença para o salário do caixa foi de 106 vezes.
Ou seja, para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o caixa do Itaú tem que trabalhar 16 anos, o caixa do Santander 10 anos e o do Bradesco 9 anos.
“Esse profundo abismo entre os ganhos dos altos executivos e os salários dos bancários não pode continuar nos bancos. Essas tremendas injustiças contribuem, e muito, para a vergonhosa posição do Brasil entre os 12 países mais desiguais do planeta”, conclui o presidente da Contraf-CUT.
Da Redação em Brasília
Com informações do Diap