Parlamento russo investigará uso de franco-atiradores em Kiev

A Duma (câmara dos deputados) pesquisará evidências de que franco-atiradores ucranianos, durante as manifestações em Kiev foram contratados pela oposição violenta que tomou o poder e destituiu o presidente constitucional desse país, Víktor Ianukovitch.

O vice-titular do Comitê de Assuntos Internacionais Leonid Kalachnikov comentou que é extremamente necessário levar a cabo uma indagação profunda em torno das evidências sobre franco-atiradores, usados como segurança para incriminar às autoridades legítimas ucranianas, destacou nesta quinta-feira o Serviço Russo de Notícias.

Filtrada através da Internet, uma conversa telefônica entre o chanceler da Estônia, Urmas Paet, e a chefia da Política Exterior da União Européia, Catherine Ashton, confirmou que esses mercenários atuaram sob as ordens da oposição de direita e das forças neofascistas que lideraram as manifestações e revoltas anti-governamentais em Kiev, desde novembro de 2013.

Depois da revelação dessa gravação, o titular do Comitê de Assuntos Internacionais da Duma, Alexéi Pushkov escreveu em seu blog no Twitter que a conversa telefônica entre o chanceler estônio e Ashton ratifica que na Ucrânia ocorreu um golpe de Estado.

Segundo Pushkov, o sentido de tais fatos tinha como único fim conduzir a Ucrânia para a zona de influência euro-atlântica, a qualquer preço, incluindo o custo de disparar nas pessoas em praça pública, em Kiev.

Durante a conversa, o próprio Paet disse que por trás desses franco-atiradores que dispararam nos manifestantes estava a oposição. Kerry deveria escutá-la, expressou o deputado.

Pushkov acrescentou que essa evidência confirma que a preocupação da União Européia (UE) pela democracia na Ucrânia é uma ficção e uma farsa.

Logo em seguida escreveu que a chefia européia conhecia esses fatos, mas foram ignorados de todas suas declarações oficiais, e se impõe pesquisar o que foi ocultado pelos líderes europeus, enfatizou.

Reiterou o também analista em temas de política internacional, que o mencionado constata que o suposto apoio da UE aos opositores ucranianos não estava unido a preocupações sobre a democracia ou direitos humanos nesse país, mas ao respaldo aos grupos pró-ocidentais que tentavam tomar o poder, como ocorreu na Ucrânia.

Esses "nobres princípios" dos quais nos falam constantemente a UE são na realidade fictícios e espúrios, afirmou o dirigente parlamentar russo.

Reafirmou que a conversa revelada mostra também que toda a mitologia criada ao redor de uma pseudo-revolução na Ucrânia é falsa.

Pushkov argumentou que os protestos orquestrados pela oposição – os partidos de direita, ultranacionalistas e neofascistas – foram financiadas por fontes estrangeiras, e os comandos de combatentes foram treinados em bases especiais de países europeus.

Quando as autoridades russas afirmam que na Ucrânia ocorreu um golpe de Estado e não reconhecem o atual governo opositor é porque existem sólidos fundamentos, sentenciou o deputado.

Foi um governo, sublinhou Pushkov, que tomou o poder ilegalmente e se constituiu sobre mitos e mentiras.

Ao confirmar ontem a autenticidade dessa conversa com Ashton, o chanceler da Estônia declarou em coletiva de imprensa que a nova coalizão ucraniana não quer pesquisar esses fatos ocorridos em fevereiro último na praça da Independência, em Kiev, batizada como Maidan, pelos acontecimentos de 2004 conhecidos como a revolução laranja, apoiada pelo Ocidente.

É preocupante isso, em razão de que tudo aponta que por trás dos franco-atiradores não estava Ianukovitch, mas alguém da atual coalizão, enfatizou Paet.

Toda a história dos protestos em "maidan" desde novembro de 2013 está estreitamente vinculada com o Ocidente, em todos esses acontecimentos tiveram presença de políticos ocidentais, começando pelos Estados Unidos, até Lituânia e Polônia, afirmou o primeiro vice-presidente do comitê da Duma para Assuntos da Comunidade de Estados Independentes, Oleg Lebedev.

Fonte: Prensa Latina