Capistrano: Chávez:um nacionalista com espírito internacionalista

À direita não perdoa Hugo Chávez, os ianques babam de raiva a ouvir falar no seu nome, como, também, não perdoam Lula, Dilma e todos os outros líderes patriotas, populares e de esquerda do nosso continente.

hugo chavez
Chávez marcou a sua presença na história da América Latina, foi um verdadeiro herdeiro das ideias Bolivarianas, um grande patriota com espírito internacionalista. Ele mudou o rumo político e econômico da Venezuela.

Como professor de história da América, por mais de 30 anos, tenho por Hugo Chávez uma profunda admiração. A sua presença no cenário político internacional contribuiu, nos últimos anos, de forma categórica no debate sobre desenvolvimento e autodeterminação dos países do chamado terceiro mundo. Esse é o motivo central da campanha midiática contra Chávez e as outras lideranças antineoliberais. Chávez desafiou o império ianque, apoiou Cuba.

Chávez não morreu, as suas ideias continuam vivas, o desejo de combater a fome, o subdesenvolvimento e a dependência econômica e política tem sido o estandarte de luta de todos os governos democráticos, nacionalistas e populares. Claro que isso desagrada os donos do mundo. As ex-colônias não podiam continuar convivendo com uma herança colonial perversa e marginalizadora. A farsa do neoliberalismo tinha que ser enfrentada.

Quem conhece a história da Venezuela sabe da importância de Hugo Chávez na luta pela verdadeira independência do seu país e, quem conhece a história da América Latina, sabe o que está acontecendo por lá. São os de sempre, aqueles que aliados aos interesses imperialistas criam um clima de confronto, perturbam a paz pública, tudo na tentativa de derrubar os governos democraticamente eleitos, governos comprometidos com os seus países. Eles, os de sempre, são os que enriquecem com o empobrecimento do povo.

A história é cheia de casos de ingerências das potências capitalistas nos assuntos internos dos países periféricos. Quem não se lembra do golpe militar de 1964? Um dos articuladores mais destacados do golpe, feito de forma descarada, era o embaixador norte-americano Lincoln Gordon, aqui mesmo no RN, no dia 5 de maio de 1963, o governador Aluizio Alves o recebia no Palácio da Esperança em um jantar com objetivo de assinar convênios, jantar esse que contou com a presença de notórios golpistas, entre outros a figura asquerosa do general Antonio Carlos Muricy. Era o contraponto aos governos nacionalistas de Miguel Arraes e Djalma Maranhão. Era o inicio da preparação do golpe que vai acontecer no ano seguinte, no dia 1º de abril de 1964.

Esse golpe aconteceu por quê? Nas minhas aulas de história ou palestras que faço, gosto de afirmar que o golpe de 1º de abril de 1964 foi resultado muito mais dos nossos acertos do que dos nossos erros Tínhamos um governo nacionalista, popular e democrático. João Goulart caminhava pra realizar as tão esperadas Reformas de Base, acenava para a realização de uma verdadeira reforma agrária, desejava controlar a remessas de lucros das empresas estrangeiras e nacionalizar as refinarias de petróleo entres outras ações. Se alguém tiver a curiosidade de ler o discurso do presidente Goulart feito no dia 13 de março de 1964, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, no comício em defesa das Reformas de Base, vai entender os motivos do golpe de 1964.

O que ocorreu aqui no Brasil, em 1964, tem toda semelhança com os golpes ocorridos na América Latina e Caribe nas ultimas décadas. Portanto, o que acontece, hoje, na Venezuela é uma reprise dos golpes ocorridos em diversos países do mundo, golpes patrocinados pelos interesses do governo norte-americano e das potências da Comunida Europeia, golpes que sempre contaram com o apoio do poderio midiático e das elites locais.
 

Antonio Capistrano – professor aposentado da Uern é filiado ao PCdoB