Thierry Meyssan: Quem são os nazistas no governo ucraniano?

As potências ocidentais reconheceram de imediato o governo ucraniano, instaurado como resultado de um golpe de Estado. Esse governo inclui vários membros de organizações nazistas. Entre eles, há três que se distinguiram produzindo imagens falsas de agressões e torturas, para convencer a opinião pública da crueldade do presidente Ianukovitch. Sem disfarçar, o secretário adjunto do Conselho de Segurança Nacional reconhece que tem relações com a al-Qaida.

Por Thierry Meyssan*, no Rede Voltaire

O golpe de Estado organizado em Ucrânia pela CIA, pôs no poder um governo que representa vários oligarcas e grupos extremistas. Entre os seus membros aparecem vários líderes nazistas. É a primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, que chegam ao poder, num país de Europa, vários políticos que reclamam como referência direta o 3º Reich.

Dois membros do novo governo ucraniano proclamam as suas ligações com o Emirado Islâmico do Cáucaso do Norte, organização vinculada à al-Qaida, segundo a ONU. E, um deles, inclusive, combateu contra Rússia como membro dessa organização.

Três membros do novo governo ucraniano participaram em operações de fabrico de imagens, nas que se faziam aparecer como vítimas do “regime democrático” de Viktor Ianukovitch.


Andriy Parubiy (Андрій Парубій)

• Secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa (órgão que controla o ministério da Defesa e as forças armadas)
• Co-fundador do Partido Nacional-Socialista da Ucrânia (com Oleg Tiagnibok)


Dmytro Yarosh (Дмитро Ярош)

• Secretário-adjunto do Conselho Nacional de Segurança e Defesa (órgão que controla o ministério da Defesa e as forças armadas)
• Líder da Stepan Bandera Treezoob e do Sector de Direita
• Yarosh lutou na Tchetchênia nas fileiras dos islamistas. A 1 de março de 2014 apelou à ajuda do emir do Cáucaso do norte, Doku Umarov (Доку Умаров), classificado pela ONU como membro da al-Qaida.
• No vídeo falsificado que gravou Andrei Kochemyakin, junto com Andrei Dubovik, no papel de polícia mau, Yarosh fez papel de um pobre militante capturado, desnudado e humilhado por polícias no meio da neve [1].


Oleksandr Sych (Александр Сыч)

• Primeiro-ministro adjunto • Membro do Partido da Liberdade (Svoboda/Свобода)
• Militante anti-aborto (incluso para os casos de violação)


Ihor Tenyukh (Игорь Тенюх)

• Ministro de Defesa
• Embora a sua pertença formal ao Partido da Liberdade (Svoboda/Свобода) não esteja totalmente demonstrada, o facto é que Tenyuk participa nas reuniões dessa organização.
• Fez formação nos Estados Unidos e dirigiu as manobras militares conjuntas entre a Ucrânia e a Otan. Durante a guerra na Georgia, em 2008, Tenyuk organizou o bloqueio de Sebastopol e foi nomeado vice-comandante da armada ucraniana. Foi a sua nomeação como ministro da Defesa do novo governo que levou a Marinha de Guerra ucraniana a não reconhecer a autoridade de Kiev e a içar a bandeira russa.


Serhiy Kvit (Сергей Квит)

• Ministro da Educação
• Membro do Partido da Liberdade (Svoboda/Свобода)


Andriy Mokhnyk (Андрей Мохник)

• Ministro da Ecologia e Recursos Naturais
• Membro do Partido da Liberdade (Svoboda/Свобода)

Ihor Shvaika (Игорь Швайка)

• Ministro da Política Agrícola e Alimentação
• Membro do Partido da Liberdade (Svoboda/Свобода)


Dmytro Boulatov (Дмитрий Булатов)

• Ministro da Juventude Desporto
• Membro da Auto-defesa Ucraniana (UNA-UNSO).
• Afirmou ter sido sequestrado, preso e bárbaramente torturado de 22 a 31 de janeiro de 2014. Foi então à Alemanha para receber tratamento médico, sem que a imprensa pudesse vê-lo antes de ir. O ministro das Relações Exteriores(Negócios Estrangeiros-Pt), Leonid Kojara, declarou que Bulatov estava bem e que tudo não passara de uma farsa. Bulatov regressa agora, um mês depois, em excelente estado de saúde.


Oleh Makhnitsky (Олег Махницкий)

• Procurador Geral da Ucrânia
• Membro do Partido da Liberdade (Svoboda/Свобода).


Tetiana Tchornovol (Татьяна Черновол)

• Presidente da Comissão Nacional Anti-corrupção
• Membro da Auto-defesa Ucraniana (UNA-UNSO).

*Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación (Monte Ávila Editores, 2008).

Fonte: Rede Voltaire.