Brasil debaterá desigualdade racial na Década de Afrodescendentes

Brasília recebe esta semana, nos dias 20 e 21 de março, a Reunião Regional da América Latina e do Caribe sobre a Década de Afrodescendentes. Organizada pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPIR/PR) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Rodger Samuel, ministro da Diversidade e Integração Social de Trinidad e Tobago; Luiza Barros, ministra da SEPIR; Jorge Chediek, representante residente do PNUD; e Alexandre Ghisleni, do MRE.| Foto: PNUD Brasil/Júlia Lima

O encontro reúne representantes dos governos, organismos multilaterais, gestores e representantes da sociedade civil para estimular a cooperação e troca de experiências entre os países participantes, por ocasião da Década de Afrodescendentes.

O objetivo geral do encontro é a articulação de uma agenda comum e o fortalecimento dos compromissos assumidos ao longo de 12 anos após a 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas (3ª CMR), realizada em 2001 em Durban, na África do Sul. A reunião é uma oportunidade para avaliar a experiência recente, revisitar propostas existentes e estabelecer prioridades e estratégias de atuação que abram um novo ciclo na agenda de enfrentamento ao racismo e à discriminação racial.

O evento conta com diversos painéis de discussão sobre a situação dos afrodescendentes no Brasil e nos países envolvidos, além de abordar temas como o racismo e a intolerância. A cada reunião, um relator irá agrupar as propostas apresentadas, que serão então compiladas em um documento final assinado por vários representantes do governo, estabelecendo assim uma nova agenda comum para a Década de Afrodescendentes.

Durante a cerimônia de abertura do evento, no Auditório do Instituto Rio Branco, em Brasília, o representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Jorge Chediek, falou sobre a importância do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) para todos, independentemente de raça e cor, e lembrou que a maioria das vítimas de violência no Brasil ainda é negra.

“O Brasil, embora tenha avançado muito no alcance dos ODM, ainda tem uma realidade de iniquidade muito extrema e a dimensão racial é um elemento muito importante nessa luta”, disse. “Nós estamos trabalhando com o governo do Brasil para melhorar essa situação”, acrescentou.

A ministra Luiza Barros, que também participou da mesa de abertura do evento, ressaltou que a cooperação internacional é um dos principais caminhos para a abertura de uma nova geração de políticas raciais. “Vamos fazer um esforço para usar os nossos países como referência tendo sempre em perspectiva uma ação que possa ser feita de maneira conjunta”, afirmou.

Brasil Quilombola

Os últimos dez anos foram fundamentais para a implementação de políticas para a promoção da igualdade racial no Brasil. O Programa Brasil Quilombola, apoiado pelo PNUD, é um exemplo de iniciativas que buscam a superação da desigualdade racial ao mesmo tempo em que promovem o desenvolvimento sustentável, área-chave da atuação da agência da ONU.

No projeto Brasil Quilombola, o PNUD tem apoiado o crescimento de comunidades quilombolas e de povos tradicionais de origem africana por meio da realização de mapeamentos socioeconômicos participativos e do fortalecimento das cadeias produtivas do agroextrativismo. Essas ações, aliadas a ações governamentais complementares, tem como objetivo aprimorar as políticas públicas de inclusão social e, consequentemente, diminuir as desigualdades sociais e raciais no país.

Fonte: ONU Brasil