Crateús vira referência em educação ambiental

Iniciativa promovida pelo Instituto Brasil Solidário gera renda para catadores de lixo e colégios públicos

O município de Crateús, localizado no sertão do Ceará, está virando referência em Educação Ambiental. Desde 2002 o Instituto Brasil Solidário, que realiza atividades sustentáveis a partir de seu Programa de Desenvolvimento Educacional na Escola (PDSE), percebeu a vontade de seus moradores em melhorar sua qualidade de vida.

Projetos educacionais, como seminários de abrangência municipal e oficinas de Meio Ambiente, Saúde, Comunicação e Artes, foram implementadas pelos profissionais do Instituto nos anos que se seguiram e com isso a cidade criou uma Secretaria de Meio Ambiente, coleta seletiva, horta e centro de triagem de materiais recicláveis.

No final de fevereiro de 2014, uma nova e inédita solução para aumento na arrecadação e venda de materiais recicláveis no processo de coleta seletiva municipal começou a ser colocada em prática: o projeto LEVE – Local de Entrega Voluntária Escolar.

O LEVE funciona com ecopontos para arrecadação de lixo reciclável espalhados pelas escolas participantes. Os catadores passam pelas instituições para coletar materiais, em princípio PET e papel, todas as semanas. “Trimestralmente, 20% do valor adquirido (e devidamente pesado) será repassado pela própria cooperativa de catadores Recicratiú, através de bens previamente definidos pela escola e entregue às crianças”, explica Márcia Andrade, coordenadora do projeto na região. Trata-se de uma proposta de inclusão social antes nunca trabalhada no país.

“Neste primeiro mês de projeto já participam oito escolas, podendo chegar a uma estimativa de trinta escolas em Crateús. Isso mobilizaria diretamente mais de 5.000 estudantes para a educação ambiental e gestão adequada dos resíduos sólidos, o que gera um impacto direto nas comunidades e famílias. Esta mesma proposta será multiplicada nos municípios vizinhos como Ipaporanga, Novo Oriente e Independência com previsão de início já em abril de 2014”, revela Wanderley Marques, Secretário de Meio Ambiente de Crateús.

Origem

Desenhada pela equipe do Instituto Brasil Solidário há cerca de dois anos e meio, a proposta prevê ainda que ônibus escolares façam a “logística reversa” dos materiais coletados, principalmente em distritos do interior e da zona rural, aonde mesmo a coleta de lixo convencional não chega.

“Essa foi uma engenhosa ideia planejada a partir de nossa experiência com a coleta de materiais recicláveis das embalagens comercializadas e entregues pela Casas Bahia em São Paulo. Ora, se o processo de logística reversa simples funciona nos caminhões da empresa com as embalagens provenientes das entregas de produtos vendidos, porque um ônibus escolar não poderia fazer o mesmo processo quando, ao retornar do interior, pudesse trazer materiais recicláveis na bagagem, além de alunos?”. Foi assim, em mais uma visão quase que sonhadora, que nasceu a ideia do LEVE, nas palavras de Luis Salvatore, presidente do Instituto Brasil Solidário e coordenador de projetos. Ainda segundo Salvatore, a segunda fase do projeto, com o transporte escolar levando material reciclável, será inaugurado em breve, após a adesão das escolas no processo de coleta seletiva.

O projeto LEVE faz parte do programa Amigos do Planeta na Escola, parceria entre o Instituto com a Casas Bahia e a Palmeirinha Ação Social. O programa utiliza as ferramentas utilizadas pelo PDSE, trabalhando com seis frentes: Incentivo à Leitura, Educomunicação, Arte e Cultura, Educação Ambiental, Saúde e Empreendedorismo. As múltiplas ações desta iniciativa vão desde a criação de bibliotecas (com doação de acervo, computadores e cursos de gestão), acesso e orientação ao uso da internet, mediação de leitura e atividades lúdico-literárias, na área de incentivo à leitura; até a arborização, construção de hortas, projetos de coleta seletiva e reciclagem, na área ambiental. São realizadas, ainda, oficinas voltadas à arte-educação incluindo pintura, desenho, gravura, estamparia, assim como montagem de rádio escolar, jornal, oficinas de fotografia, vídeo, blog, formação musical e oficinas de música, sempre com palestras e workshops completos, além de atendimentos médicos e odontológicos.

Aprofundamento

Não apenas a mobilização e a inclusão social dos catadores, como também a conscientização entre os educadores está sendo trabalhada desde 2013 em Crateús. Arlinda Cézar, Presidente do Instituto Venturi para Estudos Ambientais e consultoria parceira do programa social é a responsável por este trabalho. “Realizo um curso para formação de educadores ambientais e assim termos profissionais aptos para multiplicar esses conhecimentos em escolas da rede pública”, acrescenta.

“Ao longo dos anos Crateús foi se destacando pelo interesse e pro atividade em Educação Ambiental. Dessa forma, mantivemos nosso apoio e desenvolvimento na ampliação de seus projetos, como o Polo de Valoração de Resíduos Sólidos, em andamento, e hoje a cidade possui até reconhecimento nacional, conquistando no final do ano passado o Prêmio Cidade Pró-Catador, pela Presidência da República. Ficamos extremamente orgulhosos de fazer parte de mobilizações que beneficiem toda uma comunidade, gerando renda e melhorando a vida dos brasileiros”, conclui Danielle Haydée, do Instituto Brasil Solidário.

Sobre o Instituto Brasil Solidário

O Instituto Brasil Solidário desenvolve projetos sustentáveis há mais de 15 anos que permitem ao beneficiado aprender a se desenvolver sozinho e a multiplicar as ações vivenciadas nas várias áreas da educação, como incentivo à leitura, educomunicação, arte e cultura, educação ambiental, saúde e empreendedorismo.

Todas as ações desenvolvidas — promovidas nos municípios escolhidos para a realização das atividades — são gratuitas e, a curto, médio e longo prazo, buscam instruir e favorecer a formação do novo cidadão por meio de comprometimento, inovação e, principalmente, do estímulo para uma mudança de atitude.

Saiba mais em www.brasilsolidario.org.br

Fonte: Prefeitura de Crateús