Sábado Resistente discute repressão à militância LGBT na ditadura

Edição especial do Sábado Resistente, realizada em parceria com o Museu da Diversidade Sexual, receberá audiência pública organizada em conjunto pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) e pela Comissão da Verdade Estadual "Rubens Paiva" da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para tratar da repressão sofrida pela militância Lgbt nos anos de chumbo. A atividade acontece a partir das 14h no Memorial da Resistência, na capital paulista.

Atividade Sábado Resistente

O objetivo da audiência pública é contribuir para uma análise interdisciplinar das relações entre a ditadura brasileira (1964 – 1985) e a homossexualidade. Em especial, pretende-se discutir de que maneiras a ditadura dificultou tanto os modos de vida de gays, lésbicas, travestis e transexuais, quanto a afirmação do movimento Lgbt no Brasil durante os anos 1960, 1970 e 1980.

Além de apresentar informações sobre a repressão e violência dirigidas pela ditadura a esses grupos sociais específicos, a audiência também abordará as ações de resistência empreendidas por esses segmentos sociais que, apesar de terem sido alvo de políticas de repressão e de controle social, acabaram se constituindo como atores fundamentais da redemocratização brasileira.

Nesta audiência, pretende-se evidenciar as violações de direitos específicas desses grupos discriminados por conta de orientações, identidades ou práticas sexuais diferentes do que era considerado "normal" segundo os valores morais conservadores que inspiravam a doutrina de segurança nacional. Dessa maneira, será possível conferir visibilidade e o devido reconhecimento para as experiências de vida dos homossexuais e para a atuação do movimento Lgbt durante essa época histórica.

Os pesquisadores participantes são autores de artigos que estarão presentes no livro coletivo: "Ditadura e Homossexualidade no Brasil: repressão, resistência e busca da verdade", que será editado por James N. Green e Renan H. Quinalha, e que deve ser lançado até o final do ano. Também participam da obra José Reinaldo de Lima Lopes e Luiz Gonzaga Morando Queiroz.

Confira a programação:

Boas vindas
– Marcelo Araújo (Secretário da Cultura do Estado de São Paulo)
– Núcleo de Preservação da Memória Política

Mesa de abertura
– Paulo Sérgio Pinheiro (Diplomata brasileiro, membro da Comissão Nacional da Verdade)
– Adriano Diogo (Deputado estadual, presidente da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva)
– Eloísa de Sousa Arruda (Secretária de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo)
– Marcelo Araújo (Secretário da Cultura do Estado de São Paulo)

Pesquisadores presentes
– James N. Green (Brasilianista, ativista dos direitos LGBT, professor de História da América Latina na Brown University – Rhode Island, Estados Unidos)
– Renan H. Quinalha (Advogado, doutorando na Universidade de São Paulo – USP, membro da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva)
– Jorge Caê Rodrigues (Designer, doutorando na Universidade Federal Fluminense, professor da Universidade do Grande Rio – Unigranrio)
– Rita de Cassia Colaço Rodrigues (Especialista em gênero, orientação sexual e relações de poder, doutoranda em História Social na Universidade Federal Fluminense – UFF)
– Benjamin Cowan (George Mason University – Virginia, Estados Unidos)
– Marisa Fernandes (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP)
– Rafael Freitas (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP)

Os Sábados Resistentes, promovidos pelo Memorial da Resistência de São Paulo e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, são um espaço de discussão entre militantes das causas libertárias, pesquisadores, estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime civil-militar implantado com o golpe de Estado de 1964. Os Sábados Resistentes têm como objetivo maior o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao ser humano.

Fonte: Núcleo Memória