Governo de François Hollande sofre derrota eleitoral na França

O presidente francês François Hollande e suas políticas de austeridade foram duramente castigados no segundo turno das eleições municipais deste domingo (30). Para o seu partido em particular foi um descalabro. O Partido Socialista (PS) perdeu inúmeras cidades, entre elas vários baluartes históricos como Saint-Étienne, Reims, Limoges e Amiens.

“Esta derrota é ainda mais forte devido ao sectarismo que o PS demonstrou, recusando qualquer aliança com as nossas listas para bloquear a direita e a extrema-direita. Foram este tipo de alianças que ajudaram a ganhar ou manter Avignon, Rennes, Cherbourg ou Gueret. Por outro lado, aqueles que rejeitaram o nosso convite foram punidos em Toulouse, Brive ou Caen”, diz o comunicado do Partido de Esquerda do ex-candidato presidencial Jean-Luc Melénchon.

Segundo as projeções mais recentes, as listas do PS obtiveram cerca de 42% dos votos, enquanto a União por um Movimento Popular (UMP), de direita, e os seus aliados 49%. "O primeiro partido da França é a UMP", proclamou o presidente em funções Jean-François Copé.

Em Paris, a candidata socialista, Anne Hidalgo, venceu com 54,5% dos votos contra os 45,5% da candidata da direita, Nathalie Kosciusko-Morizet.

A Frente Nacional de Marine Le Pen conquistou no total dez municípios: Fréjus, Béziers, Hayange, Beaucaire, Villers-Cotterêts, Le Luc, Cogolin, Mantes-la-Ville et Le Pontet. Apesar de a extrema-direita cantar vitória, o resultado eleitoral ficou longe do professado pela mídia nos últimos dias. De modo geral, o eleitorado da Frente Nacional votou massivamente na UMP.

A esquerda que se tem oposto às políticas de austeridade de Hollande não sofre com a derrota do Partido Socialista. Muito pelo contrário, conquistou cidades importantes como Grenoble ou Lyon 1. A maioria das listas da Frente de Esquerda confirmaram os resultados do primeiro turno ou aumentaram a sua votação, como foi o caso de Nimes, onde a aliança alargada aos Verdes ficou à frente do PS.

PCF

De acordo com Declaração do Partido Comunista Francês (PCF), o segundo turno das eleições municipais demonstra inegavelmente o prosseguimento da ofensiva da direita, que alcançou “vitórias significativas”. “A política do governo desmobilizou o eleitorado de esquerda, mergulhado na decepção e desânimo”, assinala o comunicado do Partido Comunista.

Sobre os resultados dos comunistas, a Declaração destaca: “Nesse contexto e depois de ter elegido 94 prefeitos de cidades com mais de 3.500 habitantes no primeiro turno, o Partido Comunista Francês não foi poupado pelos ganhos da direita (…) O PCF registra perdas em muitas prefeituras, o que representa uma má notícia para as populações que se encontram assim privadas de proteções locais contra a austeridade”. Mesmo assim, o comunicado destaca que o PCF é a terceira força nacional em número de prefeitos, conserva e conquista cidades importantes.

O Partido Comunista Francês, ao tirar as lições das eleições municipais, afirma que é urgente que o país mude de política, a começar pelo pacto de “irresponsabilidade” ditado pelo MEDEF (Movimento das Empresas da França, entidade patronal) e a Comissão Europeia. Para o Partido Comunista, esse pacto é totalmente estranho aos valores da esquerda e do mundo do trabalho, é a expressão da deriva política do governo que conduz aos resultados dessas eleições municipais. Sem mudança de política, a reforma ministerial será totalmente inócua para o povo e o país, enfatiza.

A Declaração finaliza afirmando que o PCF e a Frente de Esquerda desde já organizam uma resposta à direita, por uma mudança de rumo. “O Partido Comunista Francês e a Frente de Esquerda vão engajar toda a sua energia e suas forças na campanha para as eleições europeias, notadamente no combate contra o grande mercado transatlântico, para deter o avanço da direita e oferecer uma alternativa real para a esquerda”.

Com Esquerda.net e site do PCF