Otan move tropas e Rússia rechaça retórica de confronto

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia acusou o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Rasmussen, de usar a crise na Ucrânia para mobilizar a aliança militar contra uma “ameaça russa imaginária” e para justificar a existência do bloco em pleno século 21. Já nesta quarta-feira (9), o comandante da Força Aérea estadunidense a cargo da presença militar da Otan na Europa, general Philip Breedlove, disse que os EUA podem enviar tropas à região em breve.

Anders Fogh Rasmussen Otan - AFP Photo / Angelos Tzortzinis

O chanceler russo reagiu a declarações recentes de Rasmussen, em que o secretário-geral da Otan instava a Rússia a retirar as suas tropas da fronteira com a Ucrânia caso queira dialogar sobre a crise no país, indicando uma estimativa de 40 mil soldados russos na região, o que o chanceler Serguei Lavrov negou veementemente.

Em declarações dadas a uma coletiva de imprensa, durante uma visita à República Tcheca, nesta terça-feira (8), Rasmussen ameaçou a Rússia para dizer que qualquer ação militar na Ucrânia seria respondida com “graves consequências” e “severas sanções econômicas.”

Leia também
:
Otan: Aliança militar e maior ameaça à paz completa 65 anos
Lavrov: “Não é a Rússia quem está desestabilizando a Ucrânia”
Otan aumenta expressão militar na Europa apesar de apelo russo

A Chancelaria russa, em resposta, voltou a advertir a aliança militar ocidental contra a retórica dos tempos de Guerra Fria e fez referência a declarações anteriores de Rasmussen, em Paris, sobre a transformação da Otan, constantemente reformulada e expandida para justificar a sua continuidade.

“As acusações constantes do secretário-geral contra a Rússia nos convence de que a aliança está tentando usar a crise na Ucrânia para fechar o cerco contra uma ameaça imaginária aos membros da Otan, para fortalecer a demanda pela aliança no século 21,” diz a declaração da Chancelaria russa.

O documento ressalta que, apesar da ênfase constante de Rasmussen sobre a “crescente militarização da Rússia,” o orçamento militar do país é 10 vezes menor do que os gastos militares combinados dos membros da Otan.

Retórica confrontacional e sanções

Rasmussen lançou debates recentemente sobre a revisão do acordo de cooperação de 1997 com a Rússia e a subsequente Declaração de Roma, de 2002. Os Estados membros da Otan atuam como defensores primordiais do direito internacional, mas ao mesmo tempo, ignoram as violações flagrantes perpetradas pelos extremistas na Ucrânia e também o violaram ao intervirem militarmente contra a Sérvia, em 1999, e contra a Líbia, em 2011, lembrou a Chancelaria russa.

Para os diplomatas russos, não é surpresa que a Otan tente se apresentar como um “clube de elite” com “legitimidade política notável”, ignorando instituições internacionais como o Conselho de Segurança das Nações Unidas e desrespeitando o direito amplamente reconhecido de uma nação à sua expressão e escolha democrática.

O Ministério também ressaltou que, nos últimos meses, todas as declarações de Rasmussen têm sido de confronto, sem oferecer qualquer agenda construtiva para a normalização rápida da situação na Ucrânia, “através de um processo político inclusivo, baseado em valores democráticos, respeito pelos direitos humanos e pelas minorias, que são tão queridos a Anders Fogh Rasmussen.”

Novamente, a Chancelaria russa pontuou, em uma declaração lida pelo porta-voz Aleksandr Lukashevich, na terça-feira (8), que a Rússia “não conduz atividades militares no território da Ucrânia”, enquanto as potências ocidentais continuam buscando formas de punir Moscou politicamente por aceitar a reintegração da sua antiga província, a Crimeia, após o referendo popular que determinou a sua independência da Ucrânia.

Apesar do papel do Ocidente na crise ucraniana, a Rússia não moveu sanções contra os envolvidos e não tem intenções de limitar o abastecimento de qualquer dos seus produtos no mercado internacional, disse o vice-primeiro-ministro Igor Shuvalov à agência de notícias russa RIA Novosti. “Nenhuma sanção fará a Rússia mudar suas políticas,” afirmou. Embora reconheça a tomada de medidas para contrapor essas sanções, o vice-premiê garantiu que elas não serão econômicas, e que o governo russo não planeja retaliar da forma que “provocar mais danos”.

Da Redação do Vermelho,
Com informações da emissora Russia Today