Rússia não pode continuar financiando a Ucrânia, diz Putin

Em uma reunião com oficiais do governo da Rússia, nesta terça-feira (8), o presidente Vladimir Putin disse que o país não pode continuar a sustentar a economia declinante da Ucrânia. Para Putin, esta responsabilidade deve ser dos Estados Unidos e da União Europeia (UE), que reconheceram prontamente as novas autoridades no governo ucraniano, mas ainda não enviaram fundos para apoiar a sua economia.

“A situação é, para seremos brandos, estranha. É sabido que nossos parceiros na Europa reconheceram a legitimidade do governo em Kiev, mas ainda não fizeram nada para apoiar a Ucrânia, nem sequer [enviaram] um dólar ou um euro,” disse o presidente russo, citado pela emissora Russia Today.

Putin reafirmou que a Rússia não reconhece a legitimidade das autoridades em Kiev, sede do governo ucraniano, mas continua enviando assistência econômica e subsidiando a economia da Ucrânia com bilhões de dólares. “Esta situação não pode durar indefinidamente,” completou.

Em dezembro, a Rússia enviou à Ucrânia um empréstimo de US$ 3 bilhões (R$ 6,63 bilhões), parte de um pacote maior, de US$ 15 bilhões (R$ 33,15 bilhões) garantidos no mesmo mês. O governo russo também ofereceu 33% de desconto no preço do gás, o que teria garantido uma economia de mais de US$ 7 bilhões aos ucranianos.

Enquanto o Ocidente ainda não enviou dinheiro efetivo à Ucrânia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve fornecer ao país um “pacote de resgate” de até US$ 18 bilhões (R$ 40 bilhões), mas os detalhes ainda estão sendo discutidos, uma vez que os pacotes do FMI vêm sempre acompanhados de um conjunto de condicionantes para a reformulação estrutural da economia dos países a que empresta, sobretudo para a abertura dos mercados e a desregulamentação do setor financeiro. Além disso, os EUA também prometeram US$ 1 bilhão (R$ 2,21 bilhões) em garantias de empréstimo.

Dívidas de gás

Na mesma reunião, o ministro russo da Energia, Alexander Novaj, disse que a dívida da Ucrânia com a estatal russa Gazprom é de US$ 2,238 bilhões (R$ 4,93 bilhões), uma vez que o país não tem pago pelo fornecimento de gás desde o início de 2013, e todos os seus descontos foram invalidados. O preço atual é de US$ 485 (R$ 1072) por metro cúbico, que o governo ucraniano diz ser inaceitável.

O presidente Putin também pediu à Gazprom que não exigisse pagamentos adiantados da Ucrânia, até que mais consultas fossem conduzidas. “Isso certamente cumpre o contrato, mas devido à situação difícil da Ucrânia e às nossas negociações incompletas com a União Europeia, eu peço ao governo que suspenda essas medidas presentes no contrato até maiores consultas, se é que os nossos parceiros concordarão com elas.”

As reservas ucranianas de gás natural diminuíram para 6,5 bilhões de metros cúbicos, o que não é suficiente para o inverno que se aproxima, disse o vice-presidente da Gazprom, Vitaly Markelov. O país precisa de 11,5 bilhões de metros cúbicos para manter as luzes acesas, continuou.

A dívida geral da Ucrânia com a Rússia, incluindo a sua conta de gás, está atualmente em US$ 16,6 bilhões (R$ 36,7 bilhões), de acordo com o primeiro-ministro Dmitry Medvedev.

Moscou suspendeu o trânsito de gás através da Ucrânia para a Europa no inverno de 2006 e de 2009, após Kiev ter falhado em pagar a sua conta com a Gazprom, deixando partes da Europa sem energia. O governo russo acusou o ucraniano de ter fechado o fluxo que se dirigia à Europa durante estes períodos, mas Kiev refuta a afirmação.

Da Redação do Vermelho,
Com informações da Russia Today