Picaretas da Usaid inventam novidades contra países, diz crítico

No ano em que os Estados Unidos fundaram a sua Agência para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), o país invadiu Cuba pela Praia Girón, em 1961, lembra o catedrático e analista político panamenho Nils Castro, nesta sexta-feira (18), em um artigo sobre a nova rede social lançada pela agência em Cuba, Zunzuneo.

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Citado pelo portal de notícias Prensa Latina, o professor panamenho fala sobre o novo programa de desestabilização da Usaid, uma rede social em forma de Twitter, e sobre a origem da agência estadunidense, com a sua triste história na América Latina.

O artigo de Castro, intitulado “Os picaretas da Usaid às vezes inventam algo novo”, remete à criação da agência, pelo então presidente John F. Kennedy, que a anunciou como um órgão destinado às iniciativas estadunidenses de ajuda ao desenvolvimento, com ações de capacitação agrícola, sanitária, habitacional e ambiental, por exemplo.

“Entretanto, não havia motivo para se encantar com o canto das sereias,” escreve o professor. “Eram anos de Guerra Fria e o próprio Kennedy indicou que o propósito da agência era ‘ganhar corações e mentes’ entre os povos dos países subdesenvolvidos, onde se livravam processos de libertação nacional.”

Neste contexto, ressalta Castro, “não é surpreendente que o órgão tivesse aparecido repetidas vezes encobrindo operações de outro,” a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês). Por exemplo, cita o professor, “quando surgiu o programa de capacitação policial para os países do Cone Sul, que incluía o treino de torturadores para as ditaduras daquela época.”

Operações de outras naturezas também foram conduzidas pela agência, como no Peru, sob o mandato de Alberto Fujimori, quando a Usaid financiou um programa de esterilização forçada de populações indígenas empobrecidas, do qual foram vítimas 331.600 mulheres e 25.590 homens, conta Castro.

“Junto aos projetos de assistência agrícola ou nutrição infantil, a Usaid também foi denunciada por atividades de conspiração e desestabilização contra governos legítimos que não se atêm aos interesses de Washington. Nos últimos anos, foi expulsa do Equador e da Bolívia por este motivo.”

Ainda que o Departamento de Estado dos EUA tente negar estas acusações, entretanto, o professor pontua que “várias transmissões filtradas pela WikiLeaks informaram sobre as operações da agência na Bolívia; um deles conclui: muitos dos programas econômicos administrados pela Usaid vão de encontro com a direção que o governo deseja para o seu país.”

Por isso, continua, “não foi surpresa que uma das agências mais importantes dos Estados Unidos tenha revelado o programa Zunzuneo, cujo título alude ao nome cubano do beija-flor. Este só foi outro entre muitos projetos de infiltração, desinformação e desestabilização contra um governo que Washington pretende destruir."

"A diferença está, em todo caso, [no fato de] esta operação ter se instrumentado através das dependências da Usaid em países terceiros, como Costa Rica e Espanha. O que soma, às imoralidades de sempre, a falta de respeito às nações, que os funcionários estadunidenses aproveitaram para este fim.”

Da Redação do Vermelho,
Com a Prensa Latina