Mãe de Padilha: “Vamos responder qualquer calúnia à altura” 

Muito antes do filho decidir entrar na política, a médica pediatra Macilea Rocha dos Santos já era famosa nos movimentos de esquerda, seja pelo trabalho com crianças e mulheres vítimas de violência na região de Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo, ou pela atuação política dentro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) na época da ditadura militar. 

Mãe de Padilha: “Vamos responder qualquer calúnia à altura” - Alesp

Ex-integrante da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Macileia entrou na resistência contra os governos militares quando as entidades estudantis foram fechadas pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5).

Após o fechamento das entidades de representação, essa médica alagoana ingressou no grupo Ação Popular (AP) e foi perseguida política, vivendo na clandestinidade durante os primeiros meses e anos de idade do filho Alexandre Padilha, hoje pré-candidato do PT ao governo de São Paulo.

Mesmo calejada das lutas políticas, a dra. Léa – como é conhecida em Campo Limpo – se disse assustada ao ver o nome do filho nas manchetes de jornais e televisões, associado às denúncias da operação “Lava Jato”, da Polícia Federal, que prendeu o doleiro Alberto Yousseff.

“Desde quando o partido acenou que o Alexandre seria candidato, ele disse que precisávamos ter cuidado. Que ele ficaria muito exposto e que o pessoal bateria feio nele. Eu já estava preparada. Mas claro que uma coisa dessas assusta. Ninguém gosta de ver o nome do filho envolvido nisso. Dá vontade de sair gritando que isso é tudo mentira. Mas você tem que se conter e esperar os momentos certos, porque ele mesmo já disse que isso não é verdade e já deu o seu recado. (…) Isso nos inquieta, mas a gente espera a resposta dele e também dos companheiros que acreditam nele. Então, estou preparada. Pode vir que vou aguentar qualquer coisa”, adverte.

De acordo com relatório da própria Polícia Federal, o nome de Padilha foi mencionado pelo deputado federal André Vargas (ex-PT) – apontado como suposto facilitador dos negócios de Alberto Yousseff junto a órgãos públicos.

Na conversa com Youssef, Vargas sugere o nome de um ex-empregado do Ministério da Saúde para o laboratório Labogen, de propriedade do doleiro. De acordo com a gravação, o rapaz de nome Marcus Cezar Ferreira de Moura teria sido indicação de alguém de nome Padilha, que para a PF se trata do ex-ministro da Saúde.

A mãe do pré-candidato endossa o que o filho já disse em entrevista coletiva na semana passada e afirma que as denúncias são caluniosas. Ela garante que a família está preparada para uma dura campanha contra o filho mais velho por parte dos adversários.

“A campanha vai ser pesada. Nós estamos preparados. Quem venceu uma ditadura, não é o PSDB que vai fazer com que a gente fique amoitado. Estamos na luta, acreditamos na força dos companheiros e na força do povo. Hoje você lança uma mentira e amanhã é revelado que é mentira mentira mesmo, mas as pessoas ainda continuam acreditando. Essa proposta (de candidatura do Padilha) é uma coisa muito dentro de nós, família. Nós acreditamos que o Alexandre é realmente uma grande proposta para conseguir esse governo paulista. Essa é a hora. E por isso nós vamos dar o que for necessário dar. Venham as calúnias e mentiras de onde vierem, nós vamos responder à altura”, disse a mãe-militante do candidato petista.

Segundo Macilea Rocha, a vocação do filho está no sangue. Ela lembra que aos oito anos de idade Padilha fez uma dissertação na escola chamada “Esse rosto velho”, que era uma crítica ao ex-governador de São Paulo, Jânio Quadros. “Foi uma coisa incrível, que rodou várias escolas e ninguém acreditava que foi ele mesmo que tivesse escrito”, lembra.

A mãe coruja do candidato diz que se orgulha toda vez que ouve um discurso do filho, que ela descreve como “pessoa atenciosa, de fácil acesso e comprometida com o trabalho”:
Ao presenciar a cerimônia de apoio do PCdoB ao filho no último sábado (26), a poucos dias do Dia das Mães, Macilea Rocha se disse mais que orgulhosa.

“Toda vez que escuto ele falar acho um máximo. Esse trabalho dele de trabalhar pela maioria é que me deixa realmente feliz, por ver que ele é realmente uma continuidade nossa”, desabafa a dra. Léa.

Fonte: Terra Magazine