Por assistência e moradia, estudantes ocupam reitoria da UENF

A paralisação estudantil na universidade teve início no mês de maio. No entanto, a reitoria foi indiferente à mobilização dos estudantes. Com isso, no dia 7 de abril, um estudante anunciou ao colegiado que faria greve de fome por mais assistência estudantil.

Luiz Alberto Araújo, estudante do 5º período de Agronomia, realizou greve de fome por três dias.

“Sempre tentamos conversar com a reitoria, mas parece que o diálogo não estava sendo suficiente. Por isso resolvi fazer a greve de fome. A reitoria continuou indiferente até que outro colega se juntou a mim, chamamos a defesa civil, Secretaria de Saúde para termos assistência médica. No terceiro dia fomos chamados para uma reunião e uma parte de nossas propostas foi aceita’’, relatou Luiz.

Na ocasião, representantes da UENF se comprometeram com o aumento das bolsas em 33% . O novo valor de R$ 400,00 se iguala ao de outras duas universidades estaduais do Rio de Janeiro, a Uerj e Uezo. O funcionamento do bandejão também foi prometido para o 2º semestre.

“Eu e meu colega que também realizou greve de fome, Gustavo Frare, estamos impressionados. Pensamos que seria algo pontual, mas ao que parece, iniciamos uma revolução’’, falou.

Outras mobilizações

Ao longo desses mais de 30 dias, grandes manifestações já foram realizadas. No último dia 16 de abril, os estudantes marcharam em uma das principais vias expressas de acesso ao interior do estado, a BR-101, fechando um trecho da estrada.

Em 28 de abril um novo ato foi realizado para exigir o pagamento do auxilio-moradia. Um grupo foi recebido pela reitoria numa reunião.

“Fechamos a reitoria e a universidade por cinco vezes, empastelamos a porta da reitoria com cartazes e lambe-lambes, estamos num barulho constante. Todo dia temos diálogo com a administração já que montamos uma barricada na porta do reitor. Esta foi a única forma que encontramos para exigirmos nossas pautas’’, enfatizou o estudante.

Segundo Luiz, as mobilizações continuarão até que todas as pautas sejam atendidas.

“O mais legal é que estamos conseguindo não só cobrar a assistência estudantil, mas estamos numa formação política constante. Estamos promovendo debates sobre a questão de gênero, questão racial, homofobia. O movimento estudantil dentro da UENF está renascendo com mais força. Por isso, vamos continuar nossa mobilização, vamos parar a BR 101 novamente. Só sairemos com o anúncio do nosso auxílio-moradia’’, disse.

Bandeira histórica

As políticas de assistência estudantil e permanência do estudante na universidade estão no topo da lista das reivindicações do movimento estudantil. A necessidade de construção das Casas do Estudante, restaurantes universitários, infraestrutura adequada, possibilidade de acúmulo de bolsas são bandeiras de luta históricas da União Nacional dos Estudantes.

Neste ano, a entidade realiza a 3ª edição de seu Seminário de Assistência Estudantil, entre os dias 9 e 11 de maio, na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em Minas Gerais.

Serão eixos do Seminário a concepção de assistência (bolsas/auxílios) e permanência estudantil (moradia/RU), a participação Estudantil na elaboração e implementação das políticas de permanência e assistência; estudantes cotistas; estudantes prounistas e do Fies; e mulheres estudantes.

Para a diretora da pasta, Flávia Hellen, o evento aborda temas essenciais como a garantia de assistência e permanência para os prounistas, cotistas e estudantes de origem popular que hoje ingressam na universidade. “Precisamos discutir a concepção da assistência como instrumento de emancipação dos e das estudantes para que possam viver plenamente a universidade. Promover o debate sobre temas do cotidiano de dificuldades da vida acadêmica, construindo encaminhamentos que representem os anseios das e dos estudantes torna o 3º Seminário de Assistência Estudantil da UNE um espaço fundamental para os avançar na popularização e transformação das estruturas das IES”, falou.

Fonte: UNE