Ney Campello: Copa é apenas um ponto de partida para as mudanças 

Os legados da Copa do Mundo no Brasil, que tem início no mês que vem, foram discutidos em uma audiência pública, nesta quarta-feira (14/5), em Salvador, que contou com a participação do secretário estadual da Copa, Ney Campello. No encontro, Campello criticou o que chamou de “mistificação” de que a realização da Copa resolveria todos os problemas do país, de imediato.

As críticas feitas pela população sobre o Brasil sediar o megaevento, sob a alegação de que há outras demandas urgentes, têm uma justificativa, segundo o secretário estadual. Para ele, criou-se, principalmente nos meios de comunicação, uma falsa promessa de que, na Copa, todos os problemas históricos do país, como os que estão relacionados à saúde e à educação, estariam resolvidos.

“A Copa nunca foi ‘vendida’ como uma revolução, que resolveria tudo logo. Por isso, não se pode depositar no evento a responsabilidade por todos esses problemas”, defendeu Ney Campelo, que está à frente da Secretaria Estadual da Copa (Secopa). Segundo ele, o mundial de futebol demarca para o Brasil e para a Bahia um ponto de partida rumo às mudanças sociais, e não um ponto de chegada.

Ney reconheceu que, sobre a intensidade das reivindicações populares, os envolvidos na organização da Copa no Brasil erraram ao não estabelecer um diálogo com a sociedade sobre o que é o evento, o que representa e o que mudaria a curto, médio e longo prazo. “Esse erro de comunicação com a população é um fato que permite a compreensão de todas essas críticas, que são, quase sempre, genéricas. Mas é preciso enxergar os legados!”.

Os ganhos para Salvador com a Copa do Mundo poderão ser sentidos, segundo ele, nos sistemas viário, portuário, aeroportuário e, principalmente, no capital humano do soteropolitano, a partir de programas como o de qualificação profissional. Nos municípios do interior, foram destacadas as construções de centros de treinamentos, em Mata de São João (para seleção da Croácia), Santa Cruz Cabrália (Alemanha) e Porto Seguro (Suíça), além de campos de futebol em diversas cidades.

Profissionalismo

Ney Campello destacou, também, que a realização do megaevento na Bahia possibilitou, além de todos os ganhos com obras e qualificação, uma profissionalização da gestão pública, a partir da experiência de organização conjunta dos governos federal, estadual e municipal. Isso, segundo ele, deverá elevar o nível da gestão pública, que, nesse período, aconteceu de forma integralizada, deixando de lado ideologias, principalmente partidárias.

“Nunca em minha vida, em tantos anos de vida pública, estive sentado com tantos representantes de segmentos ao mesmo tempo, entre governo estadual, municipal, empresas, entidades, para discutir as responsabilidades de cada um. A Copa nos deu essa oportunidade e veio para acelerar as iniciativas, como no caso do Metrô de Salvador, e para estabelecer um ciclo de reversão dos problemas”, defendeu o secretário.

A audiência pública foi proposta pelo vereador Everaldo Augusto (PCdoB), presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Copa do Mundo. Participaram, também, o secretário municipal da Copa, Isaac Edington, além de vereadores e representantes de departamentos públicos e de entidades da sociedade civil ligados ao esporte.

De Salvador,
Erikson Walla