Turquia: Sindicatos lançam campanha por mineiros mortos
A explosão ocorrida na terça-feira (13) numa mina da Turquia, que fez pelo menos 284 mortos, desencadeou greves e manifestações contra o governo que foram reprimidas pelas forças policiais.
Publicado 16/05/2014 20:00

A Confederação dos Sindicatos Progressista da Turquia, a Confederação dos Sindicatos dos Funcionários Públicos, a Associação Médica Turca e as Câmaras de Engenheiros e Arquitetos da Turquia convocaram “toda a classe trabalhadora, operários e amigos dos trabalhadores para apoiarem os nossos irmãos trabalhadores em Soma”.
Numa das ações de protesto contra o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, realizada na véspera, os sindicatos apelaram aos turcos a vestirem-se de preto e colocar fitas negras nas roupas e panos negros nas casas. Além disso, fizeram três minutos de silêncio nos locais de trabalho.
Os sindicatos turcos apelaram também à solidariedade de todos os trabalhadores europeus.
Os sindicatos acusam o governo de laxismo na regulação e supervisão das regras de segurança e condições de trabalho. “Os culpados pelo massacre de Soma são os mesmos que desenharam esta política de privatizações que põe em risco a vida dos trabalhadores para reduzir custos e alcançar lucros. A responsabilidade é deles”, considerou a Confederação dos Funcionários Públicos Unidos.
A ignorância do governo é ditada pela “conveniência”, argumentam os opositores de Erdogan, assinalando a excessiva proximidade do primeiro-ministro e dos grupos econômicos que beneficiaram das privatizações, incluindo a Soma Holdings, que detém a exploração da mina de carvão.
Como aconteceu na quarta-feira durante a visita de Erdogan e membros do seu governo, a população de Soma reagiu com fúria à presença do presidente turco, Abdullah Gul, que se deslocou à entrada da mina para um ponto de situação das operações de resgate. A chegada do presidente “povoou” o local de segurança: agentes da polícia e militares que foram acusadas de impedir que as equipes de emergência pudessem trabalhar. “Por causa dele, o resgate parou. Precisamos de bombeiros e não de polícias. Gul vai embora”, exigiram as famílias dos mineiros.
A indignação contra o governo cresceu ainda mais com a publicação na maior parte dos jornais diários de fotografias que mostravam um conselheiro do primeiro-ministro, Yusuf Yerkel, a agredir ao pontapé um manifestante caído no chão e manietado por dois soldados. A cena decorreu em Soma, durante a visita de Erdogan. O gabinete do primeiro-ministro recusou a comentar o caso, com um oficial a ressalvar tratar-se de um “assunto privado” de Yerkel, que prometeu divulgar uma nota em nome próprio.
A esperança já abandonou completamente aqueles que ainda aguardam pelo retorno dos seus familiares no interior da mina. Segundo as autoridades, pelo menos 18 mineiros continuam desaparecidos.
Fonte: Voz da Rússia