Israel: Palestinos cristãos são intimados a servir o Exército ocupante

Palestinos cristãos com cidadania israelense começaram a receber intimações para servir ao Exército de Israel, a partir da decisão do Ministério da Defesa de incluí-los na conscrição. Num esforço discriminatório e contraditório de afirmar Israel enquanto “Estado Judeu”, beduínos, drusos e cristãos árabes são intimados, mas protestam contra a decisão nas ruas ou através da objeção, recusando a inclusão nas forças da potência ocupante dos territórios palestinos.

Omar Saad Israel - Intifada Eletrônica

“Precisamos enviar uma mensagem à sociedade israelense de que o Exército de Israel é um símbolo da ocupação e da opressão,” disse Hanin Zoabi, uma palestina que integra o Parlamento israelense, citada pelo portal Mondoweiss. “Ao convocar os palestinos ao Exército, o opressor israelense nos pede para sermos leais a esta opressão. Isso não é só discriminatório, também é humilhante.”

O primeiro grupo de homens cristãos já recebeu cartas do Ministério da Defesa israelense e mais deles devem ser intimados, o que se enquadra em uma mudança recente da política israelense para a população árabe: uma nova lei distingue entre muçulmanos e cristãos cidadãos do Estado.

Segundo o promotor da medida, membro do Parlamento pelo partido de direita Likud, Yariv Levin, também citado pelo Mondoweiss, “os cristãos são aliados naturais, um contrapeso contra os muçulmanos que querem destruir o Estado desde o seu interior.”

O uso da religião para explicar o conflito e a ocupação da Palestina pelos judeus israelenses é patente, já que se mostra uma forma eficaz de mobilizar apoio na opressão dos palestinos. Enquanto a questão é retratada como um “conflito religioso” supostamente complexo, e não como o resultado de um movimento colonizador e racista, o sionismo, apoiado principalmente pela Europa e, depois, pelos Estados Unidos, a desinformação mantém a ocupação intacta. Ou melhor, em avanço.

Enquanto protestavam na cidade litorânea de Tel-Aviv, conhecida por uma postura “liberal” e “moderna”, contra a conscrição, vários palestinos cristãos ouviram ameaças e gritos agressivos, de acordo com Andreas Hackl, um jornalista austríaco que escreveu para o Mondoweiss. “Voltem para Gaza!”, ou “Morram, árabes, morram!”, eram algumas das frases ouvidas, diz ele.

Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações do portal Mondoweiss