Senadora homenageia Almino Affonso por livro sobre 1964 

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) homenageou o ex-deputado federal Almino Affonso, que lançou, esta semana, no Senado, o livro 1964 na visão do ministro do Trabalho de João Goulart. Segundo a senadora, o livro é um testemunho de Almino Affonso sobre os fatos que levaram ao golpe militar, alguns que jamais haviam sido contados e outros que haviam sido esquecidos ou subestimados em sua importância. 

Senadora homenageia Almino Affonso por livro sobre 1964 - Agência Senado

“É com alegria que leio este livro porque ele mostra como, na época, pessoas, com muito afinco e amor, lutavam a favor dos humildes. As condições de trabalho hoje no Brasil são muito diferentes do que eram quatro décadas atrás, quando os trabalhadores, principalmente os do campo, tinham seus direitos suprimidos, não respeitados. E como eles lutaram”, declarou a senadora.

Vanessa Grazziotin lembrou que o ex-ministro de João Goulart foi incluído na primeira lista de cassações promovidas pelos militares. Por isso, exilou-se e somente voltou ao Brasil em agosto de 1976.

Em quase 700 páginas, o político, que foi testemunha e agente importante no período, faz um relato pessoal das turbulências políticas e dos bastidores do Palácio do Planalto nos meses que antecederam o golpe de 1964.

Maior relevo

“O livro pretende apenas ser um relato honesto. É um depoimento e não um trabalho de um historiador, embora eu tenha me cercado de fontes (históricas), disse o autor.

Para Almino Afonso a maior parte dos relatos sobre 1964 ignoram o ponto que ele considera fundamental: o contexto dos acontecimentos, em plena Guerra Fria, de disputa entre Estados Unidos e União Soviética. Esse cenário tornou mais dramática a situação de Jango.

“Da Guerra Fria resultou uma ação militar e política dos Estados Unidos em toda a elaboração do golpe e na ameaça clara de, inclusive, invadir o território nacional em Pernambuco, se tivesse havido guerra civil. Até agora, isso não tinha sido objeto de uma reflexão maior. Tudo hoje ainda se projeta entre ‘o presidente João Goulart ter sido forte ou não’, e o contexto maior quase sempre é ignorado. Esse é o ponto de maior relevo no meu livro, explicou.

Ele citou ainda as personalidades que de alguma forma viveram os conturbados anos 1960: o senador José Sarney (PMDB-AP), “colega da Frente Parlamentar Nacionalista”, e o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e ex-deputado federal pelo PCdoB de Goiás, Aldo Arantes.

Da Redação em Brasília
Com Agência Senado