PCdoB reposiciona linhas de intervenção e construção para as eleições

Em informe prestado ao Comitê Central em reunião neste domingo (8), o secretário nacional de Organização do PCdoB, Walter Sorrentino, relembra resoluções do 8º Encontro sobre Questões de Partido em relação às eleições deste ano. Segue abaixo:

PCdoB e as eleições

PCdoB reposiciona linhas de intervenção e construção para as eleições

O 8º Encontro Nacional sobre Questões de Partido visou a preparar diretamente o Partido para a batalha eleitoral deste ano. Partiu dessa exigência central, sem desconhecer matérias de fundo de atualizações da linha de intervenção política e construção partidárias, tendo em mente não só fenômenos de relativa estagnação ou superação das linhas vigentes – à luz de um exame retrospectivo dos resultados dos últimos anos – como também exigências novas provenientes da realidade social e política nos grandes centros urbanos do país.

O que se verifica é que o partido reposicionou sua linha de construção e estruturação partidária, atualizando-a e aprimorando-a, com diversos motivantes próprios da linha de intervenção política. O resultado é inicial, mas muito positivo porque encontrou eco nas realidades municipais. Dos debates realizados, permite-se dizer que se o PCdoB cresce extensivamente, o fato maior é que do ponto de vista político e organizativo não pode descurar do crescimento intensivo sobretudo nos grandes centros, que continuam a ser o centro da linha de expansão e fortalecimento do PCdoB, e neles as capitais. As implicações políticas, eleitorais e sociais disso são imperativas.

A realidade brasileira está em mudança de certas proporções, mais presentes nesses grandes centros, e qualquer atraso no reconhecimento disso terá preço em termos de protagonismo e força política e eleitoral, além de força partidária organizada. A própria realidade eleitoral impulsiona a levar em conta essa exigência, porquanto o PCdoB precisa elevar sua representação e ousar forjar um eleitorado próprio, aguçar o senso de representação de sua linha e seus candidatos. O PCdoB precisa novos redutos eleitorais sólidos! É um esforço que combina, como se afirma no 13º Congresso, a conjugação entre a atuação política (eleitoral e institucional incluídas), com a luta social e a luta de ideias, amparada nos dois trilhos da linha de intervenção política e linha de construção partidária. Todas estão dadas para serem apropriadas por todo o coletivo.

Neste momento, há uma sensação de mal-estar presente na sociedade, sobretudo nos grandes centros urbanos, diferentemente de 2010, quando havia uma sensação contrária. O fato é que a vida, desde as eleições de 2010, melhorou, mas há intensos anseios na sociedade. De uma parte, para manter as conquistas ou consolidá-las: muitos setores emergentes da chamada classe C não têm assegurado renda e direitos permanentes. Por outra parte, se quer manter o ritmo acelerado da melhoria de vida, em particular contar com serviços públicos de qualidade e universalidade, que deem segurança à maioria da população; quer dizer, aumenta a pressão pelo universalismo na disputa política orçamentária. Por fim, mas não em importância, há uma guerra política movida pelas forças dominantes da oligarquia financeira interna e externa, mormente pela mídia conservadora, criando mal-estar, pessimismo, mau humor político, voltado contra Dilma e a perspectiva de se ir aos 16 anos de governos oriundos de forças populares.

É evidente o impacto desse debate desde logo na batalha eleitoral deste ano. Possivelmente, boa parte desse mal-estar entrará em alinhamento no debate eleitoral altamente politizado que se espera este ano. Há um forte legado do governo em termos de realizações e o povo poderá ser levado a valorizar as conquistas já alcançadas; mas também há credibilidade maior de Dilma em avançar nas mudanças. O fato mais difícil será a reação popular nas eleições proporcionais, em particular nos grandes centros. Para quem não possui bases eleitorais amplas e sólidas, o convencimento pelo voto será bastante exigente.

O mérito maior do 8º Encontro foi o de estabelecer eixos e focos bem determinados para o trabalho partidário, apresentando as diretrizes-tarefas com concretude organizativa para isso. A literatura sobre tal debate foi vasta e pode ser encontrada no Portal da Organização; mas pode se dizer que, de forma nodal, foi proposto como ação imediata realizar sobre o tema Seminários nas capitais, implantar Fóruns de Movimentos Sociais nos comitês estaduais, como foi feito em nível nacional, constituir Fóruns de Quadros de Base nas capitais para fortalecer a logística da mobilização e organização dos militantes com pautas e agendas sob controle das direções auxiliares e municipal; por último, mas não em importância, reinstituir com novo caráter os Departamentos de Quadros, à luz da renovação produzida nacionalmente na sua concepção e prática de trabalho.

Menos de três meses passados, é instigante o resultado do 8º Encontro. Com diferentes níveis e aportes, refletindo graus de amadurecimento partidário e realidades locais diferenciadas, o fato é que os doze maiores comitês estaduais realizaram os seminários propostos nas capitais, abrindo um debate novo que, se vai se desenrolar nos próximos meses (sobretudo após a campanha), já produziu um frêmito de alerta para a centralidade das capitais na batalha eleitoral. Na maioria deles se instituíram Fóruns de Quadros de Base, que representa um modo novo de mobilizar centralizadamente o partido e conferir a todas as organizações de base, as mais variadas, projetos políticos definidos, objetivos e tarefas bem claros, desde já na batalha pelo voto, potenciando toda a militância. Evidentemente, o maior e mais imediato projeto político é a batalha eleitoral.

Os Departamentos de Quadros também se renovaram. Quadros mais experientes e com autoridade foram destacados na maioria dos estados. Um novo caráter foi assumido na forma de departamentos envolvendo a participação dos próprios secretários das múltiplas secretarias de direção, sobretudo nas frentes de massas. Nacionalmente, já se realizaram diversos debates para estabelecer linhas de indução claras e isso será consolidado após as eleições. Em especial e de forma inédita, se permitirá dar destaque na Política de Quadros aos Fóruns de Quadros de Base.

Quanto aos Fóruns de Movimentos Sociais, o resultado ainda não foi computado. Eles haviam sido criados nos Estados em 2011-2013; agora, vão reformulados em seu papel, e são indispensáveis. Vários estados os reativaram, mas o movimento ainda está em curso. Não se pode desconhecer essa diretiva face aos instigantes movimentos presentes na sociedade e que precisam da intervenção politizadora do PCdoB.

As filiações, entretanto, não se constituíram como um movimento mais intenso neste semestre. Pesam aí a realidade política deste momento – falta de apelo dos partidos políticos – mas também deficiências em termos de se conseguir organizar uma campanha efetiva no Partido.

Quanto aos CPS – Cursos do Programa Socialista – o balanço é certamente positivo, mas não foi alvo de um controle neste momento, pelo que se aguarda o resultado de conjunto, a ser verificado no fim deste ano.

Daí as preocupações levantadas pelo 8º Encontro. O balanço dado indica que foi necessário e seus efeitos foram positivos. Daí que os influxos propostos permanecem, não só para os que ainda não se moveram nessa direção, como também para os demais que, após as eleições, serão chamados a completar as redefinições presentes nesse movimento.

Walter Sorrentino
Secretário nacional de Organização do PCdoB