Por desenvolvimento regional, relação China-AL entra em "nova etapa"

Analistas apontam para a relação da China com a América Latina como a cooperação necessária para sustentar o crescimento regional. Cada vez mais, os governos latino-americanos investem em grandes projetos. A Cúpula do G77+China, que acontece neste fim de semana na Bolívia e reúne representantes de 133 países em desenvolvimento, discute também a “nova etapa” do intercâmbio regional com o maior país da Ásia Oriental.

China Celac - Granma

Recentemente, o ministro chinês de Relações Exteriores, Wang Yi, visitou o Brasil e afirmou que a relação entre América Latina e China é de "amigos muito próximos de países afastados". Segundo ele, Pequim quer se aprofundar cada vez mais nela.

A China nunca deixou de assinalar a importância que outorga à América Latina, uma região pujante economicamente e que reivindica cada vez com mais firmeza o lugar que lhe corresponde nas instituições globais.

As exportações latino-americanas para a China se centraram principalmente nos setores de matérias-primas, mas os países da região esperam diversificar esta oferta para atrair cada vez mais investimentos chineses.

"A China atua agora de maneira diferente com os países sul-americanos. Já não mira apenas a compra de matérias-primas, hoje quer entrar nos investimentos da industrialização", disse Gabriel Dabdoub, presidente da Federação de Empresas de Santa Cruz de La Sierra, à agência de notícias AFP antes do início da reunião do G77.

Este interesse foi demonstrado pelo chanceler chinês em sua viagem pela região. Wang Yi reafirmou a vontade da China de trabalhar com grandes licitações, que incluem a construção de rodovias, vias férreas e usinas de energia elétrica.

De acordo com o jornal China Daily, os investimentos chineses na América Latina representaram 13% do total em 2013 e alcançaram um volume de US$ 80 bilhões, boa parte deles destinadas a projetos de infraestrutura.

O periódico informou ainda que nos próximos cinco anos, espera-se que as empresas chinesas invistam em torno de US$ 500 bilhões no exterior, boa parte dos quais farão parte dos acordos feitos com líderes latino-americanos.

"Hoje a China está substituindo parceiros tradicionais da região, como Europa e Estados Unidos, em investimentos e comércio. E, sem dúvida, sua presença crescerá nos próximos anos", disse Gary Rodriguez, economista e presidente do Instituto Boliviano de Comércio Exterior, em entrevista à AFP.

A China concedeu 102,2 bilhões de dólares em empréstimos para a América Latina entre 2005 e 2013, especialmente à Venezuela e à Argentina, enquanto países como México aumentam seus contatos com Pequim, segundo um estudo apresentado em abril pelo Global Economic Governance Initiative, da Universidade de Boston.

O presidente da China, Xi Jinping, chegará ao Brasil depois da Copa do Mundo de Futebol para participar da reunião do Brics. Ele também já confirmou presença na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será realizada no final do ano e que o governo chinês considera "o início de uma nova fase na cooperação entre a China e a América Latina".

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho,
Com informações de agência de notícias e do jornal China Daily