Justiça chilena ordena nova investigação sobre a morte de Pablo Neruda

A decisão foi ditada há alguns dias pelo juiz Mario Carroza, que investiga as causas da morte do Prêmio Nobel de Literatura a pedido de seu sobrinho, Rodolfo Reyes, informaram na última sexta-feira (13) à Agência EFE fontes judiciais.

As perícias a serem realizadas foram solicitadas por Reyes para esclarecer todas as dúvidas em torno da morte do poeta, tendo em vista que seu motorista, Manuel Araya, assegurou que sua morte foi ocasionada por terceiros e não em consequência de um câncer.

As mesmas fontes indicaram que a equipe de peritos chilenos e estrangeiros que já havia analisado os restos mortais do poeta no final do ano passado, a qual descartou um possível envenenamento, se somará agora, a pedido de Reyes, à analista Gloria Ramírez.

Os demais analistas, que já participaram do grupo que realizou os exames anteriores, são os espanhóis Francisco Etxeberría Gabilondo e Aurelio Luna Maldonado, além dos chilenos Cristian Orrego e Luis Soto Román.

Os peritos já estão trabalhando nas duas novas perícias e deverão voltar a investigar a possibilidade de envenenamento ou de alguma substância química diferente das utilizadas no tratamento contra o câncer de próstata.

"Este é um dos exames mais importantes para esclarecer esta brecha", explicou Reyes ao portal Emol. O sobrinho do poeta também esclareceu que este procedimento não tem relação com a investigação criminal que é realizada em paralelo pelo juiz Carroza, a qual se limita a determinar o possível envolvimento de terceiros na morte de Neruda.

"Confiamos bastante na seriedade e no prestígio internacional que cada um dos médicos tem, já que, além disso, esta é a última e a principal diligência da investigação legista para esclarecer em definitivo as causa da morte de Neruda", acrescentou Reyes.

As análises anteriores realizadas nos restos mortais do poeta não tinham sido conclusivas, já que credenciaram a presença de substâncias derivadas de produtos farmacêuticos, mas não descartou a hipótese de que o poeta pudesse ter sido atacado com agentes químicos ou biológicos, como o gás sarin ou a toxina botulínica – compostos que costumam desaparecer rapidamente do organismo.

Neruda foi um reconhecido opositor da ditadura de Pinochet (1973-1990), que, por sua vez, é acusado de assassinar de 3 mil pessoas e de torturar outras 28 mil.

Fonte: Agência EFE