UBM envia carta às mulheres brasileiras
Durante o último congresso da União Brasileira de Mulheres, as militantes elaboraram uma carta às mulheres brasileiras. Com objetivo de debater a emancipação e empoderamento femininos para o Brasil seguir avançando as mulheres se reuniram em Goiás entre os dias 5 e 6 de junho.
Publicado 16/06/2014 15:54

Na carta, a UBM afirma que pretende a construção de um país desenvolvido, soberano, socialmente equilibrado e ambientalmente sustentável para homens e mulheres.
Entre muitos os muitos eixos debatidos estava o combate à violência contra a mulher, a inserção feminina na política, a democratização dos meios de comunicação, reformas democráticas e saúde da mulher.
Leia a carta na íntegra:
Nós, mulheres brasileiras, mulheres de todas as idades, de todas as cores, de todos os credos, de todos os cantos do país, reunidas no 9º Congresso acional da UBM – União Brasileira de Mulheres, visamos à construção de um país desenvolvido, soberano, socialmente equilibrado e ambientalmente sustentável.
O Brasil vive um momento ímpar de sua história. Há quatro anos elegemos nossa primeira presidenta. Hoje, a luta é para recompor uma nova maioria de esquerda e reelegê-la, contra o atraso e os projetos neoliberais que também disputarão as eleições. É preciso avançar na afirmação de políticas públicas com um projeto de desenvolvimento para a nação, socialmente includente, que valorize a diversidade cultural e social.
Queremos que o Brasil ouse produzir mais riqueza para melhorar a vida de sua gente, em especial, fortalecendo a autonomia e o empoderamento das mulheres, promovendo a capacitação e valorização do trabalho. Buscamos um projeto de desenvolvimento nacional que garanta não só a prosperidade econômica, mas o avanço da igualdade social e das liberdades políticas.
Entendemos que para viabilizar este novo projeto é preciso alterar a política econômica de financerização da economia, pois para erradicar a pobreza é necessária distribuição de renda, aumentos reais e contínuos do salário mínimo, fortalecimento do capital produtivo, e outras medidas que impactem positivamente na vida das mulheres.
A promulgação da Lei Maria da Penha foi um momento importante de reconhecimento da violência contra as mulheres enquanto fenômeno social alarmante e que merece tratamento especial do Estado. Contudo, após oito anos desde sua aprovação, nossa batalha é para que seja integralmente cumprida e aplicada, o que enseja equipamentos sociais específicos, tais como os juizados especiais, casas abrigo, casas de passagem, e delegacias de defesa da mulher, além de capacitação dos profissionais para liderem com as mulheres em situação de violência. Infelizmente, como nos mostrou a CMPI da Violência Contra a Mulher, esta realidade ainda está distante para as brasileiras. Uma vida livre de violência é um direito de toda mulher, para isso, exigimos o imediato e integral cumprimento da Lei Maria da Penha!
Ao mesmo tempo, precisamos avançar na garantia e ampliação do direito ao aborto. Hoje, o aborto é permitido em casos de gravidez decorrente de estupro, quando a gestação incorre em risco de vida para a gestante ou o feto é anencéfalo.
Entretanto, o que vemos é ainda uma imensa dificuldade das mulheres terem seu direito ao aborto legal assegurado no SUS. Muitas sequer são informadas sobre seu direito à interrupção da gravidez. Paripasso, devemos lutar pela ampliação desde direito das brasileiras, com a descriminalização e legalização do aborto eliminando um grave problema de saúde pública e como direito humano das mulheres.
Para o Brasil avançar, na busca por mais democracia, mais direitos e mais poder para as mulheres, sabemos que é preciso ampliar a sua participação e avançar na conquista dos espaços de poder e decisão. Para tanto, precisa ter garantida a participação efetiva das mulheres na Reforma Política, por isto apoiamos o financiamento público de campanha, a lista alternada com cinquenta por cento de mulheres e as coligações, visando fortalecer a democracia e a representatividade.
A reforma da comunicação também é central, pois, sem ela, todo o debate progressista estará interditado no país. É necessária a democratização dos meios de comunicação de massa que garantam a pluralidade de opiniões, para que as mulheres possam se ver representadas em sua diversidade, e onde a comunicação seja respeitada como um direito humano.
Outro ponto que estrangula o pleno desenvolvimento brasileiro e marca, sobretudo, a vida das mulheres, é a situação cada vez mais penosa da vida nas grandes cidades. Esta tem se tornado cada vez mais difícil, espremendo mais e mais o uso do já escasso tempo das brasileiras. A falta de mobilidade urbana, a excessiva especulação imobiliária, o elevado custo de vida, e as ainda incipientes políticas públicas que amenizem tudo isso, trazem para a ordem-do-dia a necessidade da Reforma Urbana, como bandeira prioritária também das mulheres.
Neste processo destacamos também a necessidade de implementar as Reformas Agrária, Tributária, e da Previdência, bem como, o fortalecimento do SUS, a democratização do Judiciário, o enfrentamento ao racismo, ao machismo e à homofobia. Neste ponto, salientamos a necessidade de uma Reforma da Educação que valorize a educação pública, gratuita, laica, que valorize a diversidade humana e promova e equidade de gênero. A recente batalha em torno da aprovação do Plano Nacional de Educação nos dá a dimensão do tamanho do desafio que será vencer as forças conservadoras e fundamentalistas no Parlamento, para a conquista de uma Educação emancipadora e para todas e todos.
As eleições de 2014 serão um momento decisivo para as mulheres darem um salto na sua participação. Exigirão de todos os partidos que seja cumprida a cota mínima de candidaturas para cada sexo; que se reproduza a cota mínima também para os cargos de direção partidária; e que sejam realizadas atividades de formação e qualificação das mulheres para o exercício das funções legislativas e executivas com os recursos do fundo partidário.
É hora de avançar. Portanto, o desafio que se coloca para a UBM é ajudar a reeleger Dilma Rousseff Presidenta da República e contribuir decisivamente para mobilizar e fortalecer a participação política das mulheres, avançando cada vez mais rumo ao desenvolvimento soberano do Brasil, à emancipação da mulher e de toda humanidade. Por um mundo de igualdade, contra toda opressão!
Luziânia – GO, 6 de junho de 2014.
9º Congresso da União Brasileira de Mulheres – UBM"