MST é despejado violentamente por Guarda Municipal de Itapevi (SP)

A Guarda Municipal de Itapevi, na Grande São Paulo, despejou de forma truculenta cerca de 150 famílias do assentamento Padre João Carlos Pacchin, na madrugada desta quinta-feira (3).

Guarda Municipal de Itapevi - MST

As famílias, que são ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), estavam acampadas em um terreno no bairro Bela Vista. Cerca de quatro carros da guarda, sem ordem judicial, realizaram a desocupação. Alguns sem-terra sofreram empurrões e humilhação.

Segundo o porta-voz do movimento, Luciano Carvalho, a guarda municipal não possuía ordem judicial. "Eles ainda destruíram telhas, madeiras e levaram alguns objetos pessoais das famílias", disse.

Com o despejo, os sem-teto marcharam até a praça central no bairro Alto da Colina, onde foi realizado um almoço coletivo. Logo em seguida, fizeram a assembleia, onde foi colocado como prioridade o diálogo com a comunidade.

Ainda segundo Luciano, o prefeito de Itapevi, Jaci Tadeu, na última audiência com o movimento, em outubro do ano passado, prometeu agir dentro da legalidade. Porém, na primeira oportunidade que teve despejou os assentados sem ordem judicial. "O terreno pertencia a um grileiro e possuía uma dívida de R$ 700 mil" concluiu.

A comunidade, prestativa, está recebendo a ocupação, inclusive com a doação de alimentos. Morador do bairro, Daniel Franco, acha o movimento legítimo e apoia os sem-teto. "Acho importante ocupar os espaços que não são utilizados para fins produtivos", pontuou.

Início

Desde a ocupação em que deu origem ao acampamento Padre João Carlos Pacchin, em agosto do ano passado, se estabeleceu uma batalha política e jurídica para a permanência das mais de 350 famílias na área. Nessa época, o MST deu início ao processo de organização da sua segunda Comuna Urbana, a partir da ocupação de dois terrenos contíguos, localizados também em Itapevi.

Em 18 de novembro, houve a reintegração de posse de um dos terrenos, o que restringiu o número de famílias acampadas a apenas cem famílias, devido ao tamanho reduzido da área restante.

Em 11 de dezembro, a justiça deu ganho de causa ao proprietário do terreno remanescente. Para denunciar essa situação, foram realizados atos políticos em maio desse ano.

Com a iminência do despejo, as famílias decidiram então reorganizar o acampamento em nova área, para continuar lutando pelo cumprimento da função social das terras urbanas ocupadas – projetos habitacionais socioambientais, que atendam às necessidades das famílias acampadas, através da garantia de moradias dignas.

Fonte: MST