Ataque de Israel mata 20 pessoas em Gaza e palestinos apelam à ONU

A representação da Palestina na Organização das Nações Unidas (ONU) enviou nova carta apelando ao fim da agressão contra a Faixa de Gaza e à responsabilização de Israel, nesta sexta-feira (11). A operação “Margem Protetora” já matou cerca de 130 pessoas, inclusive mais de 30 crianças, e feriu 700 até este sábado (12), quinto dia desde que um nome foi dado à ofensiva, iniciada há semanas. O Conselho de Segurança da ONU resolveu pedir um cessar-fogo.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

Faixa de Gaza ataques de Israel - Middle East Monitor

A última carta dirigida à ONU pela representação palestina, de quarta-feira (9), já pedia o fim da agressão israelense que, para diversos líderes palestinos e observadores internacionais, visa enfraquecer o recém anunciado governo de unidade nacional, fruto de um acordo de reconciliação entre o Hamas, partido na liderança de Gaza, e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que encerrou um período de sete anos de ruptura política.

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Como em ofensivas anteriores, as autoridades israelenses insistem em responder às críticas pelo elevado número de vítimas fatais entre civis e crianças acusando o Hamas de lançar foguetes e armazenar materiais bélicos entre a população do território densamente habitado. Entretanto, um relatório da Missão das Nações Unidas para Averiguação dos Fatos divulgado em 2009, poucos meses depois da Operação Chumbo Fundido contra Gaza (que matou mais de 1.400 palestinos), concluiu que não havia evidências suficientes para corroborar o pretexto israelense, que tencionava culpar o Hamas pelo alto número de civis mortos. O relatório foi engavetado.

Assim, a alegação frequentemente veiculada pelas chamadas Forças de Defesa de Israel (FDI) e pelo Ministério da Defesa de que o Hamas usa civis como “escudos humanos” é novamente posta em questionamento, o que é de elevada importância porque, manipulando o direito internacional humanitário, é esta a principal ferramenta das autoridades israelenses para esquivar-se da responsabilização. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel não está interessado em um cessar-fogo, mas na destruição do Hamas, enquanto a ONU estima que quase 80% dos mortos pelos últimos cinco dias de bombardeio são civis.

“Condenamos nos termos mais firmes esta agressão bárbara israelense e a perpetuação do Estado de terror contra o povo palestino,” diz a carta assinada por Riyad Mansour, representante permanente da Palestina na ONU. “Reiteramos nosso pedido por proteção imediata à população civil palestina desta escalada israelense assassina e criminosa.” Neste sábado, um novo ataque israelense matou mais de 20 pessoas, de acordo com fontes médicas em Gaza, citadas pela agência palestina de notícias Maan.

Comunidade internacional deve se posicionar

Os palestinos já enviaram 505 cartas à ONU desde 2000 instando a “comunidade internacional” a tomar uma atitude contra as violações perpetradas pela ocupação israelense em territórios da Palestina. Além da operação militar "Guardião Fraterno" lançada contra a Cisjordânia em 12 de junho, sob o pretexto das buscas por três colonos desaparecidos, desde então ataques aéreos contra a Faixa de Gaza vinham sendo frequentes, com o objetivo alegado de atingir líderes do Hamas responsáveis pelo disparo de foguetes contra território israelense.

Os chanceleres dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França devem reunir-se no domingo (13) para discutir a situação no território, enquanto oficiais citados pelo jornal israelense Haaretz relatam um “aumento da pressão internacional” para que o Hamas e Israel alcancem um cessar-fogo debatido entre os EUA, Egito, Catar, Turquia e a ONU, entre outros.

Uma declaração aprovada pelos 15 membros (inclusive cinco permanentes) do Conselho de Segurança da ONU, neste sábado, insta o Hamas e Israel a um cessar-fogo, mas não vai além das declarações gerais sobre a necessidade de diálogos entre palestinos e israelenses para condenar a ofensiva de Israel contra Gaza de forma enfática, repetindo o histórico de negligência garantido principalmente pelos Estados Unidos.

Esta foi a primeira resposta do principal órgão das Nações Unidas a uma campanha de violência intensificada desde o início de junho, enquanto as autoridades israelenses discutem a possibilidade de invadir o território litorâneo palestino com as dezenas de tanques e milhares de tropas há dias estacionadas na fronteira.