Elza Campos: " Em briga de marido e mulher se mete a colher"

 

Elza Campos com a presidenta Dilma

 A recente pesquisa do IPEA levantou um debate importante sobre culpabilização da mulher em casos de violência de gênero. Os dados foram anunciados primeiramente com 65,1% dos brasileiros culpando a própria mulher por ataques contra elas, depois ficou revelado o erro na pesquisa e o percentual anunciado foi de 26%. Apesar da grande diferença dos percentuais, erra mais quem acha que a diminuição do valor percentual deve ser comemorada.

Os dados referentes aos estupros no Brasil são alarmantes. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública lançado em 2013 o país registrou 50.617 casos de estupro em 2012, o que equivale a 26,1 estupros por grupo de 100 mil habitantes. Um elevado número e ainda mais alarmante se considerar o fato de que se trata de um crime ainda subnotificado.

“Apesar dos avanços do Brasil com a Lei Maria da Penha e sua divulgação, ainda há que se instrumentalizar as pessoas para atender corretamente as mulheres vítimas da violência”, comenta Elza Campos, coordenadora nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM) e presidente do diretório municipal do PCdoB de Curitiba. Elza comenta que há inúmeros relatos de mulheres que foram notificar agressões ou mesmo o estupro e saíram da delegacia com o sentimento de que elas eram as culpadas, devido aos comentários e perguntas realizados pelos agentes públicos que as atenderam.

Outro dado preocupante com relação aos estupros é que a maior parte das mulheres foram violentadas na própria residência. "Em briga de marido e mulher se mete a colher”, afirma Elza.  Além de casos de estupro, a cada cinco minutos uma mulher é vítima de violência doméstica no Brasil. Elza reforça que todo caso de violência contra a mulher deve ser denunciado e combatido, é para isso que existe a Lei Maria da Penha e mais uma série de legislações que defendem as mulheres. A aplicação da Lei Maria da Penha para que seja efetivamente cumprida é uma responsabilidade conjunta, envolve não apenas autoridades mas toda a sociedade.

A pesquisa do IPEA quando lançada teve uma enorme repercussão. Após o anúncio do erro dos dados, a mídia reduziu seus esforços em debater o fim do estupro no Brasil. Mas o PCdoB defende que o debate precisa continuar enquanto a violência continuar. E este debate perpassa o próprio papel da mídia, um espaço de formação da mentalidade social com relação à figura feminina. A democratização dos meios de comunicação é uma forma de lutar contra a violência, pois o papel estereotipado da mulher reforça o pensamento machista e impede a emancipação da mulher.  “Na mídia, com jovens, com agentes públicos, com mulheres: precisamos de uma ampla formação da sociedade como um todo”, afirma Elza Campos.

Mulher no partido

O PCdoB é o Partido mais antigo do Brasil. Tem 92 anos de história de muitas lutas ao lado do povo brasileiro e sempre destacou que para fazer as transformações sociais é imprescindível a participação das mulheres. O presidente nacional do PCdoB Renato Rabelo, comentou que o partido em toda sua Trajetória, buscou externar a força das mulheres e seu empenho na luta pela igualdade de direitos na participação dos espaços de poder e decisão, na luta contra a violência e contra a estereopitização da mulher na mídia. O Partido acredita na força e protagonismo das mulheres para as mudanças que o Brasil e o Paraná exigem.