Há 35 anos, Movimento luta por parque na Mata do Engenho Uchoa
A luta do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa (foto) para ver implantado o Parque Natural Rousinete Falcão nos 192 hectares remanescentes da Mata Atlântica, na Zona Oeste do Recife, já dura 35 anos e ainda não virou realidade. A instalação do parque vai beneficiar 270 mil moradores de 11 bairros do entorno, entre eles Tejipió, Barro, Ipsep, Ibura e Areias.
Publicado 15/07/2014 14:00 | Editado 04/03/2020 16:55
Segundo ativistas do movimento, o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife tentam adquirir a área, que é particular. A desapropriação deveria ter acontecido até 2007. Em 2002, o então prefeito do Recife, João Paulo, instituiu decreto declarando a área de utilidade pública para fins de desapropriação e estabelecendo prazo de cinco anos para seu cumprimento.
“Tentamos muito que a desapropriação saísse do papel, mas infelizmente ainda não conseguimos”, lamenta Luci Machado, uma das coordenadoras do movimento. Dos 192 hectares, 60 são de manguezal, que pertencem à União. Assim, só 132 hectares poderão ser desapropriados.
“Ano passado tivemos dois importantes avanços. Um foi a ampliação dos limites do Refúgio de Vida Silvestre do parque. Eram 20 hectares. Por meio de decreto estadual passaram a ser 171 hectares. Outra conquista foi a elaboração do plano de manejo”, destaca Augusto Semente, outro coordenador do movimento. A instalação do conselho gestor do refúgio, em 2013, é outro ponto positivo na luta pelo parque.
O plano de manejo, concebido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade e pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), estabelece o que pode e o que não pode ser feito no Refúgio de Mata Silvestre Mata do Engenho Uchoa. O documento estabelece regras para garantir a proteção do lugar.
“A Mata do Engenho Uchoa serve como fonte de pesquisa para as universidades pernambucanas. O espaço pode ser aproveitado para trilhas. Há muitas escolas no entorno que também poderiam usar o parque para aulas de meio ambiente”, observa Augusto. Ele diz que a mata é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como reserva da biosfera mundial.
Para o secretário executivo de Meio Ambiente do estado, Hélvio Polito, os recursos para pagamento das indenizações devem sair do fundo de compensação ambiental. "A implantação do parque é interesse do estado e do município e reconhecemos a luta de 35 anos do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa. Mas, precisamos primeiro garantir a propriedade da área.", disse Polito, garantindo que apesar de não ter o parque, os 192 hectares de Mata Atlântica estão protegidos por lei.
"O plano de manejo foi importante para garantir que a área seja efetivamente protegida, sobretudo, por se tratar de um local valorizado, que estava ameaçado pela especulação imobiliária", ressaltou.
Do Site do PCdoB Recife, com informações do Jornal do Commercio, de 13/07/2014.