Brics e Unasul discutem cooperação estrutural durante Cúpula

O Portal Vermelho acompanha a 6ª Cúpula do Brics, que teve início em Fortaleza, nesta terça-feira (15). Os chefes de Estado e Governo assinaram importantes acordos que fortalecem a cooperação entre os cinco países na busca por alternativas e no impulso pela cooperação para o desenvolvimento sustentável e inclusivo. Em Brasília, nesta quarta-feira (16), o último dia da reunião foca no diálogo abrangente com os líderes da América do Sul.

Por Moara Crivelente, de Brasília para o Vermelho

Brics Unasul - Agência Brasil

Ao chegar em Brasília, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro disse que o anúncio de criação do Novo Banco de Desenvolvimento, cujo acordo foi assinado na terça-feira, permite à instituição competir com o Banco Mundial e com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Maduro – que deu declarações à imprensa ainda no aeroporto e foi citado pela Rádio Blu da Colômbia – afirmou que o banco “será um ponto de virada para que os países latino-americanos ampliem sua visão financeira.”

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A criação do Novo Banco de Desenvolvimento era uma expectativa generalizada, sobretudo por oferecer alternativa às políticas do FMI e às condicionalidades impostas aos que tomem empréstimos, através de uma estrutura que já não representa o atual contexto econômico global. Além disso, a perspectiva de opções, para aqueles que já enfrentaram as imposições do FMI no passado, é alentadora, e a maior oferta de crédito na economia mundial é necessária, com efeitos que podem incluir a redução de juros.

O Banco do Brics terá exigências em termos de segurança, garantiu o ministro das Finanças Guido Mantega, em coletiva de imprensa, na terça, mas não atuará através das imposições estruturais e reformas modeladas sobretudo pelos Estados Unidos, como o FMI. A instituição do Brics pretende financiar principalmente projetos de infraestrutura e poderá emprestar para países que não façam parte do grupo, mas estas questões ainda serão debatidas.

Integrações regionais e desenvolvimento conjunto

O encontro com os líderes da América do Sul, no Palácio Itamaraty, enquadra-se na relevância dada pelo Brics – que representa quatro continentes e quase três bilhões dos habitantes do planeta – aos processos de integração regional em que cada um dos países integrantes do grupo participa, com empenho relevante.

Quando a 5ª Cúpula ocorreu em Durban, África do Sul, em 2013, os chefes de Estado e Governo também se reuniram com líderes africanos, mantendo um fórum de diálogos importante, discutindo direitos humanos e questões de gênero, por exemplo, além de outras prioridades definidas pela União Africana. O resultado foi a Declaração de eThekwini, em que os líderes também comprometeram-se com o desenvolvimento sustentável e de infraestrutura, assim como o industrial, a criação de empregos, a segurança alimentar e a erradicação da pobreza no continente africano.

A reunião com os líderes sul-americanos acontece a portas fechadas, em Brasília, mas antes do encontro, a presidenta Dilma Rousseff elogiou a forma com que o anterior foi realizado, na África do Sul. “Faremos isso aqui, com os países da Unasul, que também é muito importante para o relacionamento com o Brics”, disse Dilma.

O Tratado constitutivo da União de Nações Sul-Americanas foi assinado em 2008, também em Brasília. A organização já é composta pelos 12 países da América do Sul e está em funcionamento desde 2011, com diversos conselhos multissetoriais que continuam trabalhando por um projeto de integração justa e abrangente, de cooperação e desenvolvimento conjunto e com cúpulas anuais.