Brasil e China promovem relações bilaterais abrangentes e estratégicas

No contexto da 6ª Cúpula do Brics, realizada em Fortaleza e em Brasília, na terça (15) e quarta-feira (16), a presidenta Dilma Rousseff e o presidente da China, Xi Jinping também trabalharam questões das relações bilaterais. Xi inicia sua visita de Estado nesta quinta-feira (17), mas já comentou sobre o aprofundamento dessas relações, e Dilma, em entrevista à televisão chinesa, também pontuou questões importantes neste tema.

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O Brasil tem recebido da China investimentos importantes, que ainda devem crescer, sobretudo no setor da infraestrutura. Para o embaixador brasileiro no país asiático, Valdemar Carneiro, citado pelo jornal China Daily, a contrapartida brasileira inclui produtos mais baratos a serem fornecidos aos parceiros chineses, entre os quais Dilma ressaltou, na entrevista concedida na terça, os minérios e a proteína.

As relações entre os dois países entram em uma nova fase no sentido do aprofundamento e da abrangência. O Brasil e a China são os maiores países do mundo em desenvolvimento e os chineses são os maiores parceiros comerciais de toda a América Latina. Além disso, o Brasil e a China comemoraram, nesta quarta-feira, os 40 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas, com uma sessão solene no Congresso, da qual Xi participou.

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Durante as quatro décadas, pontua Severino Cabral, presidente do Instituto Brasileiro de Estudos de China e Ásia-Pacífico, em entrevista ao China Daily, a cooperação entre os dois países tem resultado no aumento do comércio bilateral e do investimento direto estrangeiro da China, além de esforços conjuntos em diversos campos, desde a agricultura ao desenvolvimento tecnológico.

Para Xi, que também visitou o Brasil em 2008, enquanto era vice-presidente, a evolução das relações bilaterais é de “influência global e estratégica”. Após uma visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático, em 2004, quando o então presidente chinês Hu Jintao também visitou o Brasil, foi lançado o Comitê de Coordenação e Cooperação de Alto Nível entre o Brasil e a China.

Em 2014, os dois países lançaram o primeiro diálogo estratégico abrangente a nível ministerial, em Brasília. Para os líderes brasileiros e chineses, a cooperação bilateral pode fortalecer a cooperação sul-sul em geral e impulsionar o esforço por um mundo mais equilibrado, o que também se reflete na posição adotada pelo grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com firmeza exponencial.

Cooperação e investimentos

A China e o Brasil mantêm coordenação estreita em âmbitos multilaterais, como a Organização Mundial de Comércio. As trocas entre ambos aumentam significativamente e chegavam a US$ 90 bilhões em 2013, enquanto a China ultrapassava os Estados Unidos enquanto maior parceiro comercial do Brasil, ainda em 2009.

Os investimentos chineses no mercado brasileiro também aumentaram para mais de US$ 15 bilhões em 2012, em comparação com os US$ 200 milhões em 2009, de acordo com o China Daily. Segundo o Conselho Empresarial dos dois países, os investimentos chineses concentram-se principalmente na indústria automotiva, eletricidade – o que inclui a usina de Belo Monte – e maquinaria, somando quase 70% do investido.

Também há investimento chinês expressivo destinado à exploração do campo de Libra, dentro do consórcio que inclui outras companhias estrangeiras e a Petrobras. Até o final de 2012, a China havia lançado 60 projetos no Brasil com investimento total de US$ 68,5 bilhões. Ainda, projetos aeroespaciais relevantes são desenvolvidos em cooperação estreita entre os dois países, onde se ressalta a tecnologia de lançamento de satélites.

Os dois presidentes participam de uma cerimônia de assinatura de atos ainda nesta quinta, no Palácio do Planalto. Para o embaixador Francisco Mauro Brasil de Holanda, diretor do Departamento da Ásia do Leste do Itamaraty, que deu entrevista ao Blog do Planalto, entre as várias áreas em expansão nas relações bilaterais, a maior expectativa é em relação a avanços de cooperação em infraestrutura, em particular ferroviária e portuária. Veja a entrevista do embaixador:

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações do Blog do Planalto e do China Daily