Ofensiva de Israel mata quatro crianças; OLP divulga novo documento

O nono dia da ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza terminou com mais um ataque que matou quatro crianças na praia, nesta quarta-feira (16). Duas explosões atingiram os primos Ahed Atef e Zakaria Ahed Bakr, de 10 anos de idade, Mohamed Ramez Bakr, de nove e Ismail Mohamed Bakr, de 11. Ao todo, 230 palestinos já foram mortos pelos ataques israelenses, dos quais 47 são crianças, de acordo com fontes diplomáticas da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Gaza - Mohammed Abed / Maan / AFP

Além das quatro crianças mortas na hora, Hamed Bakr, de 13 anos, foi atingido com um estilhaço de bomba no peito, que os que buscaram refúgio em um hotel tentam tratar, assim como a duas outras crianças feridas, de acordo com a agência palestina de notícias Maan. Ainda não foi confirmado se os bombardeios vieram dos comandos navais que miram contra as praias de Gaza ou se de caças F-16 que sobrevoam o território sitiado.

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O Exército israelense declarou que investigaria o “incidente”, mas as mortes de crianças nos ataques aéreos e nos bombardeios dos comandos navais têm sido uma constante, enquanto a população de quase dois milhões de palestinos é diariamente alvejada e a possibilidade de uma invasão terrestre é palpável.

A maior parte das vítimas de uma ofensiva declarada pelo governo israelense contra “atividade terrorista” é civil, assim como grande parte da infraestrutura atingida deliberadamente, mas a resistência ao bloqueio, à ocupação e à violação frequente do direito internacional humanitário por Israel é deslegitimada pelas autoridades israelenses na busca por justificar a violência e os crimes de guerra contra os palestinos.

Desde 8 de julho – quando a operação recebeu um nome, “Margem Protetora”, semanas após ataques aéreos já terem sido denunciados, com a morte de seis pessoas desde 13 de junho – 1.700 palestinos foram feridos, 694 casas e três mesquitas foram destruídas, 14.500 casas, 81 escolas, 64 mesquitas, três hospitais e cinco centros de saúde foram danificados, de acordo com um documento divulgado na página oficial da diplomacia da OLP.

“O assassinato [das quatro crianças] foi testemunhado por repórteres estrangeiros que puderam explicar o que ocorreu e como as crianças foram mortas a sangue frio. Entretanto, quantas crianças palestinas mais foram mortas sem que ninguém testemunhasse sua tragédia? Israel prometeu investigar o ‘incidente’, mas como sempre, quando os crimes são flagrados por câmeras, Israel alega que isso é uma exceção. Na maior parte dos casos, haverá mais impunidade e as ‘exceções’ se multiplicam. O Estado de Israel está mirando abertamente contra áreas civis da Palestina Ocupada,” afirma o documento, publicado nesta quinta-feira (17).

Imagens dos bombardeios têm circulado a mídia internacional e foram capturadas por repórteres no local. Abaixo, a reportagem é transmitida por uma emissora francesa.

De acordo com um parente das crianças, Khamis Bakr, citado pela Maan, os quatro primos estavam jogando futebol na praia. “Não sabíamos que algo tinha acontecido até que ouvimos pelo rádio que houvera um ataque, e que pessoas da família Bakr tinham morrido. Foi assim que eu soube que as crianças tinham partido.”

O documento divulgado pela OLP contém uma lista dos nomes de todas as vítimas fatais e afirma que “Israel está matando civis com impunidade garantida pela comunidade internacional. Israel deve ser responsabilizado por sua agressão contínua contra o povo palestino, particularmente na Faixa de Gaza.”

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações da Maan e da OLP