"Corte Seco" pré-estreia em Festival de Cinema

O novo filme de Renato Tapajós faz sua pré-estreia no IX Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo, neste sábado (26/07), às 19h. A entrada é franca, mas os ingressos precisam ser retirados uma hora antes do início da sessão, na bilheteria do Cine Sesc (rua Augusta, 2075).

corte seco - Divulgação

“CORTE SECO” é um longa metragem ficcional que investiga a tortura praticada pelos órgãos de repressão durante a ditadura civil-militar implantada pelo golpe de 1964. Ele conta a história de quatro militantes que lutavam contra a ditadura militar, presos e violentamente torturados pela OBAN (Operação Bandeirantes) em 1969.

Através dessa narrativa ficcional, o filme investiga a tortura e sua aplicação como política de Estado no período ditatorial. No plano mais amplo, ele mostra a tortura como método absolutamente inadmissível por qualquer sociedade democrática.

Nos últimos anos, com o retorno da luta pelos direitos humanos, muito tem se falado de tortura. Mas, cada vez mais, o conceito se torna vazio. Ao falar ocasionalmente de tortura, a grande imprensa trata a palavra de forma a que ela não mostre todos os seus significados para o publico. O que se pretende em CORTE SECO é devolver esse significado à palavra, é fazer com que o publico entenda, veja, sinta o que é a tortura.

Ainda é objetivo do filme mostrar que os torturadores não são, exatamente, “funcionários públicos”, como quer certa visão banalizadora da tortura. Para torturar, eles “se aquecem”, entrando num processo irracional que os transforma em desequilibrados.

O filme conta o dia a dia da primeira semana de prisão dos militantes. Mostra que a vida na cadeia, nesse período, é a de um sobressalto permanente, muito longe do tédio associado à prisão. Mostra os presos como seres humanos, sem nada de heróicos, apenas como jovens que acreditavam em suas idéias e são obrigados a enfrentar o inferno por causa disso.

Durante a produção, diante da dificuldade de se filmar em um quartel, cenário de quase 90% das cenas, fomos obrigados a reproduzir cenograficamente um deles, desde sua fachada, até as celas e as salas de tortura. Isso foi possível porque o Instituto Agronômico de Campinas colaborou com o projeto, cedendo a fachada de uma de suas sedes e o interior de um armazém de algodão desativado. Com um sério trabalho de cenografia, foi possível reproduzir com bastante realismo a sede da Operação Bandeirantes, sinistro sistema de luta contra a esquerda armada instituído, em 1969, pelo Governo do Estado de São Paulo em colaboração com o Exército brasileiro.