SP: Governo gasta cerca de R$ 7 milhões em "fabricação" de chuva
As represas de São Paulo estão passando pela maior seca da história. A falta de chuva, somada ao descaso com a água e o tratamento de esgoto em 20 anos de administrações tucanas podem deixar milhares de paulistanos sem abastecimento nos próximos meses.
Publicado 24/07/2014 11:39

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) anunciou a contratação para a prestação de serviços da empresa ModClima, no valor de R$ 3,68 milhões de reais, para a realização de um “bombeamento de nuvens” no Alto Tietê. Na teoria a tecnologia consiste na aceleração da precipitação de chuvas com o despejo de gotículas de água, feita por um avião na base das nuvens, processo conhecido como “bombardeio”.
Velha história
Em fevereiro deste ano, momento em que o reservatório do Sistema Cantareira já dava sinais claros de esgotamento, a Sabesp contratou novamente os serviços da empresa ModClimapor, por cerca de R$ 4,47 milhões para a primeira tentativa da chuva artificial, que não deu certo.
Uma outra tentativa frustrada foi buscar o chamado "Volume morto" que é a captação das água das represas que ficam abaixo da cota mínima. Quase dois meses após o início do bombeamento do “volume morto”, o nível de água atinge hoje 18,2% do Sistema Cantareira, segundo a empresa estatal. Em 16 de maio, quando as bombas começaram a sugar a reserva técnica, o nível estava em 8,2 pontos percentuais e foi para 26,7%.
O Sistema Cantareira abastece 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo, sua importância para o abastecimento da cidade é impar. O sistema Alto Tietê é formado por cinco represas e está com 22,4% da capacidade: 116 bilhões de litros.
Segundo a Sabesp, das cinco represas do Alto Tietê, as duas que têm reserva técnica já recuaram muito. Na Biritiba as pessoas conseguem andar pelo local que antes era alagado. "Estou aqui há 5 anos e desse estado que está é a primeira vez", diz o comerciante da região, Nick Morimoto.
Inquérito
O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) – núcleo do Ministério Público voltado à proteção ambiental – instaurou inquérito civil para verificar se é regular a gestão do Sistema Alto Tietê. A portaria de instauração do inquérito é assinada pelo promotor Ricardo Manuel Castro.
Castro pediu informações sobre o funcionamento do Sistema para a Sabesp, Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) e Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
O MP acredita ser necessária a investigação pela “falta de planos de contingência nos municípios da região metropolitana para o enfrentamento da crise de abastecimento de água” e “existência de indícios de ingerência não técnica nas tomadas de decisões para a gestão da crise de abastecimento de água”.
Laís Gouveia, da redação do Vermelho
Com G1