Líder comunista e jornalistas estão entre os 1.395 mortos em Gaza

O Exército de Israel lançou 3.800 ataques contra a Faixa de Gaza nos últimos dias, fez 179 prisioneiros e matou 1.395 palestinos no território sitiado. O número alcança o da última grande ofensiva, de 2008-2009. Além de hospitais e escolas atingidos sistematicamente, cerca de 10 jornalistas foram mortos nesta semana, assim como o membro do Partido Popular Palestino (PPP), comunista, Imad Asfour, nesta quarta-feira (30).

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

Asfour era uma importante liderança do PPP e já havia perdido seu pai dois dias antes, informam o Partido Comunista de Israel e a Frente Democrática pela Paz e Igualdade (Hadash), que emitiram mais uma nota condenando o massacre palestino e os crimes de guerra israelenses, exigindo seu fim imediato.

O PCI e o Hadash têm organizado manifestações frequentes em Israel e emitido declarações condenatórias a mais uma ofensiva. Nos últimos cinco anos, três “operações militares” mataram quase três mil pessoas na Faixa de Gaza, além dos ataques aéreos dispersos – que não alcançam estatutos de “operação” – e da opressão violenta na Cisjordânia.

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Em contato com o Vermelho, Majed Abusalama, premiado jornalista de Gaza que conseguiu deixar o território pouco antes do anúncio da nova ofensiva – após dois meses gastos em tentativas de viajar à Europa para um ciclo de palestras – fala sobre as recentes vítimas fatais que conhecia e apela pelo fim do massacre.

  Foto: Maan
Na quarta-feira (30), seu amigo Ramy Rayyan e o câmera Sameh al-Aryan, funcionários da emissora Al-Aqsa que vestiam coletes de identificação de imprensa, estavam entre as 17 pessoas mortas no mercado do bairro Shujaiyya, na Cidade de Gaza. O mesmo bairro já foi antes alvo de massacres assombrosos, como em 19 de julho, quando mais de 70 pessoas foram mortas, inclusive de três famílias que perderam dezenas de membros.

No dia seguinte, mais 66 pessoas também foram mortas em Shujaiyya. O Exército israelense classifica o local, em sua página oficial, de “fortaleza do terror” do Hamas, partido à frente do governo em Gaza e que Israel alega ser uma “organização terrorista”, para justificar as atrocidades contra uma população de 1,8 milhão de pessoas cercadas em um território sitiado de 360 quilômetros quadrados.

Já Muhammad Daher, que trabalhava para o jornal Al-Resalah, estava em casa quando morreu, no mesmo bairro, atingido por outro ataque israelense. Várias pessoas da sua família também foram vitimadas. Ahed Zaqqut morreu também na quarta-feira (30), enquanto Najlaa Mahmoud al-Hajj, Abd al-Rahman Ziyad Abu Hayin, Izzat Dhuheir, Bahad al-Din Gharib, e o fotojornalista Khalid Hamad foram mortos em ataques recentes, de acordo com a agência palestina de notícias Maan.

  Foto: AP
Segundo a Inteligência Militar citada pelo jornal israelense Haaretz, cerca de 1.200 “alvos” foram identificados para serem bombardeados. A expressão tem sido empregada deliberadamente para classificar até mesmo escolas, hospitais, mesquitas, igrejas e lares que julguem ligados às “atividades terroristas” do Hamas, cujas Brigadas Ezedin Al-Qassam participam no esforço de resistência contra a ocupação e o massacre perpetrado por Israel.

Nas últimas duas semanas, desde que a invasão terrestre foi anunciada pelas autoridades israelenses como “uma nova etapa” da ofensiva contínua, mais de 50 soldados foram mortos em confrontos com a resistência palestina, em que o Exército de Israel usa artilharia pesada, atingindo também centenas de civis. O número de palestinos massacrados já atingiu o total dos 22 dias da "operação Chumbo Fundido" de Israel contra Gaza, entre dezembro de 2008 e 2009, quando entre 1.300 e 1.400 palestinos foram mortos e denúncias abrangentes de crimes de guerra cometidos pelas forças israelenses.

Na noite de terça para quarta-feira, um ataque contra uma escola da Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos (UNRWA) – cuja localização exata, para a sua proteção, havia sido informada ao Exército israelense 17 vezes, de acordo com o porta-voz Chris Gunness – matou 16 das 3.300 pessoas que se abrigavam no local, inclusive crianças. Mais um crime de guerra fica registrado na lista do massacre perpetrado por Israel pela terceira vez em cinco anos, ainda de forma impune.