Prefeitura de SP premia escolas que promovem alimentação saudável

O Prêmio Educação Além do Prato está selecionando ações que promovam a melhoria de hábitos alimentares dos alunos com base na valorização de merendeiros e da promoção da discussão sobre alimentação entre famílias, educadores, alunos e especialistas.

Merenda - Rede Brasil Atual

A iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo antecipa a política pública criada pelo governo federal, o novo Guia Alimentar para a População Brasileira (GMPB), que será implementada no país em outubro. Além de elaborar cardápios escolares que estejam adequados ao guia, o prêmio incentiva a agricultura familiar.

O novo guia traz orientações e recomendações para a prevenção da desnutrição, em forte declínio no país, e de doenças em ascensão, como obesidade e diabetes. De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada entre 2008 e 2009 pelo IBGE, 30% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos estão com peso acima do recomendado.

Maluh Barciotte, bióloga e doutora em saúde pública, está participando da iniciativa em São Paulo como integrante do núcleo de pesquisas epidemiológicas em nutrição e saúde da faculdade de saúde pública da USP. "Se a gente valorizar os alimentos que temos, como a jabuticaba, as crianças vão olhar com menos carinho para os produtos do supermercado, que com a publicidade que eles tem, eles são tão valorizados", afirma, em entrevista à Rádio Brasil Atual. A bióloga pontua que os alimentos produzidos pela agricultura familiar serão incluídos paulatinamente na merenda das escolas do município e isso favorece a imersão social das famílias.

Além disso, Barciotte avalia que a qualidade dos alimentos orgânicos é "muito maior" do que a dos industrializados. "Fomentar a agricultura familiar e orgânica é o máximo", diz. A especialista enfatiza ainda que o prêmio tem como foco a valorização de quem planta o alimento.

Claudia Visoni, jornalista, agricultora urbana de hortas comunitárias em São Paulo e integrante do Conselho de Meio Ambiente de Pinheiros, zona oeste da cidade, também está participando da elaboração de merendas nas escolas. "Se a gente compra uma hortaliça orgânica de produção familiar, a gente está colaborando para que as nascentes sejam puras e as famílias tenham uma vida digna", diz. Para a agricultora, é preciso que as crianças tenham consciência de toda a cadeia produtiva dos alimentos e que as escolas busquem as produções menos danosas ao meio ambiente e à saúde.

"Eu fico muito feliz que a prefeitura e a Secretaria da Educação estejam fazendo isso e percebam que a gente precisa curar a alimentação", considera Visoni. A especialista pontua que o "processo de cura" passa pela reaproximação com o plantio.

Os vencedores serão conhecidos no dia 5 de dezembro. Dois representantes das escolas que ficarem na primeira colocação viajarão a um país africano por meio do Programa Mundial de Alimentos/Organização das Nações Unidas para intercâmbio de conhecimentos sobre o programa de alimentação escolar e educação. As seis unidades educacionais mais bem colocadas receberão um projeto de renovação de ambiente utilizado para fins de alimentação.

Fonte: Rede Brasil Atual