MPF chama de incompleta resposta do governo de SP sobre falta d’água

O Ministério Público Federal (MPF) afirmou por meio de nota nesta quarta-feira (6) que a resposta dada pelo governo do Estado de São Paulo e pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) sobre a necessidade de racionamento de água no estado é “incompleta e insatisfatória”. O Sistema Cantareira passa por uma seca histórica que já afeta o abastecimento em várias regiões da grande São Paulo.

Cantareira - Reprodução

Sabesp não evitou crise

Para Eduardo de Campos Siqueira, químico e ex-funcionário da Sabesp, não houve investimentos da empresa nas principais medidas que poderiam evitar a pior crise de água que vive o estado de São Paulo. "Tudo indicava que a bacia do Vale do Ribeira seria a única disponível para repor e abastecer a Grande São Paulo, mas esses estudos não foram desenvolvidos", afirmou nesta quarta-feira (6).

O químico trabalhou na Sabesp até 2008 e lembra que, já em 2004, a portaria que renovou a outorga da concessão administrativa do Cantareira indicava que a companhia não deveria depender tanto do fornecimento da água do sistema. "Se essas medidas tivessem sido sistematicamente encaminhadas, nós hoje teríamos uma situação, do ponto de vista do abastecimento, equilibrada", considera.

Racionamento às escuras

Apesar do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmar que não existe racionamento de água, várias regiões da grande São Paulo já sofrem com suas caixas d´agua vazias. No Ipiranga, Zona Sul da capital paulista, moradores dizem que o fornecimento é suspenso durante a noite. A moradora do bairro, Adriane Aparecida Arderucio, sofre com o desabastecimento. “À noite, a Sabesp corta a água e, quando volta, chega muito fraca, então, ficamos sem água durante parte da manhã também. Limparam as caixas d'água do prédio no começo de junho e constataram que a água que chegava da rua, vinha muito fraquinha e não abastecia as caixas", conta.

Resposta "insatisfatória”

No último dia 28 de julho, o MPF recomendou o imediato início do racionamento nas regiões abastecidas pelo Sistema Cantareira e pediu que o governo e a Sabesp apresentassem projetos para colocá-lo em prática. Segunda-feira (4), o Palácio dos Bandeirantes e a concessionária informaram ao MPF que não haverá racionamento porque “todas as medidas possíveis e adequadas estão sendo adotadas” para solucionar a crise hídrica.

“Para os procuradores que atuam no caso, entretanto, a resposta é incompleta e insatisfatória, já que não está subsidiada por documentos que sustentem a argumentação. Na tarde desta quarta-feira (6), em reunião da qual participaram representantes do governo estadual e da Sabesp, o Ministério Público estipulou o dia 14 deste mês como data limite para apresentação dos documentos pelos órgãos responsáveis”, informa nota do MPF.

A recomendação do MPF é baseada em estudo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), segundo o qual as reservas hídricas do Sistema Cantareira podem secar totalmente em menos de 100 dias.

Com agências