Almir Fernando e Câmara do Recife homenageiam Abelardo da Hora

 Por iniciativa do vereador Almir Fernando (PCdoB), a Câmara Municipal do Recife realizou nesta sexta-feira (8) sessão solene para homenagear com a Medalha do Mérito José Mariano o artista plástico Abelardo da Hora, pela passagem de seus 90 anos de vida.

"Este pernambucano é um verdadeiro monumento à cultura. Além de grande artista, ele tem uma vida dedicada à luta por um país mais justo e igualitário, através de sua trajetória de militância política”, disse o vereador.

No discurso de saudação, Almir Fernando destacou ainda a trajetória de Abelardo da Hora, que em seus 90 anos de vida dedicou mais de 60 anos à arte. “Ele levou o nome de Pernambuco aos cenários nacional e internacional, pois suas obras são mostradas em museus estrangeiros”. O vereador lembrou que o homenageado nasceu na Usina Tiúma, São Lourenço da Mata, em 1924. No Recife, para onde veio estudar também se dedicou à política, lutando pela redemocratização do país em 1945. Foi preso, pela primeira vez, em 1947, quando participava de comício do PCB.

História de vida

Em 1948, Abelardo da Hora realizou exposição apresentando dez esculturas em cimento, mármore e pedra calcária que refletem a sua preocupação política e social, cujos temas eram “Meninos do mocambo”, “A fome e o brado” e “Desespero” entre outras. Em 1956, elaborou esculturas de tipos nordestinos que ficaram famosos, como “Os cantadores”, o “Vendedor de caldo de cana”, o “Sertanejo”, etc. Em 1958, foi eleito delegado de Pernambuco na Seção Brasileira da Associação Internacional de Artes Plásticas, da Unesco.

Em 1960, com a criação do Movimento de Cultura Popular (MCP), pelo então prefeito do Recife Miguel Arraes, Abelardo da Hora teve a chance de influenciar diversos artista que têm nomes reconhecidos na cultura brasileira. Em 1964, com golpe civil-militar, foi preso juntamente com Gregório Bezerra. Mudou-se depois para São Paulo, onde em 1967 organizou exposição de artistas pernambucanos no MAC de São Paulo.

Retornou ao Recife em 1970, e voltou a trabalhar em seu Atelier na Rua do Sossego, elaborando aí a primeira escultura feminina. Participou de ateliês, exposições, bienais e expôs no exterior, como no Centro Internacional de Arte Contemporânea, em Paris em 1986. Recebeu a Comenda da Ordem do Rio Branco, em 1998. Em 2008, foi homenageado do carnaval multicultural do Recife no centenário do Frevo.

Homenagens ao artista

A solenidade teve início às 11h e foi presidida pelo vereador Eduardo Marques (PTB). Abelardo da Hora foi conduzido ao plenário da Câmara do Recife pelos vereadores Almir Fernando e Rogério de Lucca (PSL). Na mesa, a deputada federal Luciana Santos; o coordenador da Comissão da Verdade Dom Hélder Câmara, Fernando Coelho; e o cantor Claudionor Germano, irmão do homenageado. Esteve presente à solenidade o vereador Henrique Leite (PT). A deputada Luciana Santos saudou o homenageado e elogiou a iniciativa da Câmara, por intermédio de Almir Fernando, lembrando que o escultor é uma referência política e artística do estado.

Após receber a Medalha do Mérito, Abelardo da Hora manifestou seu orgulho em receber a homenagem e lembrou que o Recife e Pernambuco foram berços políticos do Brasil. “Aqui nasceram a República e as grandes campanhas em favor do país e da democracia. É uma grande satisfação receber a homenagem desta casa”. Em seguida, lembrou suas origens humildes, de uma família de agricultores. Como optou pelos estudos, fez o curso de Belas Artes e se engajou na política. “Tive uma vida política intensa, com participações em campanhas pelo petróleo, pela paz e pela interdição das armas nucleares”, relembrou.

Em seguida, observou que chega aos 90 anos revoltado com as guerras entre nações, atualmente. “Minha arte é feita dessa revolta, mas também é de amor e de solidariedade. Uma solidariedade às vezes violenta, de quem dá um tapa na cara e diz: ‘isso está errado”. Precisamos superar as diferenças”, afirmou. O artista plástico conclamou os vereadores e a população do Recife a lutarem pela paz mundial.

Claudionor Germano falou sobre os 90 anos de Abelardo. “Ele recebe as homenagens merecidamente. Trata-se de um grande artista brasileiro, de quem tenho a honra de ser irmão. Quando ele está trabalhando remoça 30 anos”, disse.

O coordenador da Comissão da Verdade Dom Hélder Câmara, Fernando Coelho afirmou que, apesar de a obra de Abelardo ser profundamente ligada ao Recife, “ele tem dimensão internacional, pelo drama e pela mensagem que o seu trabalho transmitem”.

Audicéa Rodrigues, com informações da Câmara Municipal do Recife
Do Recife