Em nome do Filho

 

Talvez devêssemos fazer o mais profundo silêncio da história do Maranhão para tentar entender o que de fato está acontecendo em nosso Estado. Uma política rasteira, porca, imunda, desanda para um ritual inominável de crueldade e até a morte de uma criança, o filho do candidato Flávio Dino, vira arma suja de uma internet violentada pela falta de escrúpulos, a envergonhar as relações humanas neste país, a partir do Maranhão.

E o país inteiro, indignado, queda perplexo diante do que as pessoas são ou se tornam capazes de cometer por dinheiro e poder. Ultrapassaram todos os limites, decretaram guerra à decência e envergonham um Maranhão que talvez nunca tenha sequer lidado com existência de um nível tão pernicioso de maldade. No dia dos pais, a morte do filho vira discurso, ou melhor, arroto contra a sociedade maranhense, contra um povo que, paulatinamente, vem sendo insultado por uma gente que entende que esse povo não tem o direito de escolher em quem votar.

O Maranhão corre perigo, isso já foi dito. Seviciadas todas as nossas tradições de cultura e hospitalidade, os genes da maldade humana, do desrespeito pelos mais lídimos princípios éticos, religiosos e humanos parecem ter se assenhoreado do poder. Um candidato das oposições é tratado de pivete por um senador da República, de Lúcifer por outro e de Satanás por um terceiro. E, em seguida, a morte de seu filho vira matéria de sevícia eleitoral. São lideranças que deveriam ter algum respeito, pelo menos por si próprias, estimulando, orientando a violência política no Maranhão. Não podem alegar falta de controle na internet, porque são eles próprios a incentivar a sujeira.

Em nome dos filhos, de todos os filhos que neste último domingo abraçaram seus pais, deram presentes, foram ao cinema ou ao futebol em sua companhia, em nome daqueles que já não estão aqui para abraçar, dos que gostariam de abraçar seus pais e não podem, esse ato abominável precisa ser repudiado, independente de coloração política, independente de preferências eleitorais. Vamos esperar que os que produziram e pagaram por essa maldade não tenham filhos, nem pais, nem mães. Não podem, não têm o direito de ter.

Só os que defendem a tortura podem gostar da dor alheia, regozijar-se com o sofrimento dos outros e acordar todas as manhãs como se nada tivesse acontecido. Isso não é política, não tem nada a ver com política ou com qualquer outra manifestação humana. Só algum tipo de degeneração patológica, criada num ambiente de demência social e fragilidade psíquica, pode explicar tal desvio de comportamento. Existe alguma coisa de diabólica no ato de tentar desestabilizar um ser humano emocionalmente tripudiando sobre a morte de seu filho. É nojento, é vil e desumano.

Em nome do Filho, em nome do Pai, pensem no que fizeram e vão para casa conversar com Deus. Se ele ainda os quiser ouvir.