China amplia importação de soja brasileira

A China importou 20,9 milhões de toneladas de soja do Brasil de janeiro a julho, crescimento de 11,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, com a oleaginosa brasileira respondendo no acumulado de 2014 por mais da metade dos desembarques do produto no país asiático, apontaram nesta quinta-feira dados da alfândega chinesa.

Colheita de soja no Centro-Oeste do Brasil

Os chineses, os maiores compradores de soja do mundo, importaram de todos os fornecedores no mesmo período 41,7 milhões de toneladas, aumento de 20% na comparação anual.

Em julho, as importações chinesas somaram 7,5 milhões de toneladas, sendo mais de 5 milhões de toneladas do produto do Brasil, que colheu uma safra recorde da oleaginosa no primeiro semestre e tem contado com a forte demanda da China para atingir uma marca histórica de exportações em 2014.

Nesta semana, a associação da indústria de soja do Brasil revisou para cima em 1 milhão de toneladas a previsão de exportação da oleaginosa, para 45 milhões de toneladas em 2014, apontando que os prêmios pelo produto nacional ante os valores da bolsa de Chicago estão bastante favoráveis aos embarques.

Grandes volumes de soja brasileira deverão chegar à China ainda em agosto, considerando os registros de exportação do Brasil, que apontam embarques de 27,5 milhões de toneladas de janeiro a julho –esse volume representa mais de 70% do total exportado pelo Brasil.

O país aparece à frente dos Estados Unidos como principal fornecedor de soja para a China, segundo dados da alfândega, mas os norte-americanos ainda teriam a chance de virar o jogo, na medida em que os desembarques do produto brasileiro tendem a perder força no final do ano.

A safra nova dos EUA, entretanto, só chega ao mercado em novembro – atualmente, a oferta da colheita anterior norte-americana está escassa. Até julho, as importações de soja dos EUA pela China atingiram 17,3 milhões de toneladas, segundo a alfândega chinesa.

Fiscalização

Depois de ampliar as importações da soja brasileira, as autoridades chinesas têm aumentando as verificações em carregamentos de sorgo dos Estados Unidos, um produto correlato à soja, disseram operadores, potencialmente reduzindo os embarques originados no maior exportador global do grão que é considerado um substituto para o milho.

Quatro operadores com conhecimento direto do assunto disseram que o escritório de quarentena chinês pediu no mês passado que as autoridades locais apertem a fiscalização do sorgo e da cevada, em busca de impurezas como resíduos de pesticidas e metais pesados. Um porta-voz do escritório de quarentena não quis comentar o assunto imediatamente.

A medida ocorre depois de a China rejeitar mais de 1 milhão de toneladas de milho dos EUA devido à presença de uma variedade transgênica não autorizada por Pequim.

As fábricas chinesas de ração têm aumentado suas compras de sorgo dos EUA como um substituto barato para o milho doméstico, que é negociado a preços inflados pela política de apoio do governo aos agricultores.

"Há preocupações no mercado, que deverá reduzir importações de sorgo nos meses posteriores", disse o analista Zhang Yan, da Shanghai JC Intelligence (JCI).

Carregamentos

A JCI reduziu sua estimativa de importação de sorgo pela China em 2014/15 para 1,6 milhão de toneladas, ante 3,9 milhões de sua previsão anterior. A China é o maior comprador de sorgo dos EUA, e suas fábricas compram quase todo o sorgo que consomem dos norte-americanos.

"Os carregamentos já agendados ou a caminho da China podem não ter nenhum problema, mas os carregamentos feitos depois do aviso podem enfrentar problemas. Alguns dos maiores compradores já foram informados de verificações rigorosas", disse uma outra fonte da indústria, que pediu para não ser identificada porque não é autorizada a falar com a imprensa.

Fonte: Correio do Brasil