Fraga tenta justificar arrocho dos salários e diz que foi 'mal interpretado'

O guru econômico dos tucanos e ex-presidente do Banco Central no governo de FHC, Armínio Fraga – que chegou a dizer no começo do ano que os salários subiram demais no Brasil – afirma em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira (1º), que não foi bem isso que quis dizer e reclamou da “patrulha” sobre sua opinião em relação às questões econômicas.

Armínio Fraga

“Eu disse, e fui mal interpretado, que os salários em geral tinham subido muito”, retrucou Fraga que, assim como FHC, gosta de sentar na cadeira antes do resultado das eleições. “O papel de um futuro ministro da Fazenda não é tanto ter uma opinião a respeito disso, mas mostrar qual é o orçamento e qual é a tendência no médio prazo”, declarou.

Fator previdenciário de Fraga

Mas quando questionado por que o programa de governo do PSDB não trata da questão da Previdência, por exemplo, Fraga abre o jogo: “Nossa estratégia já está bem mapeada. Na medida em que as pessoas vivem mais, você tem de pensar na idade de aposentadoria e na viabilidade atual do sistema. Outra coisa estranha são as pensões. E acho que também merece ser discutido”.

Esse discurso é bem conhecido pelos trabalhadores aposentados. Foi no governo FHC que se implantou o fator previdenciário, um redutor do valor da aposentadoria por tempo de contribuição, que leva em conta a idade na data de aquisição da aposentadoria e a expectativa de sobrevida a partir desta idade. A redução, em alguns casos, é de até 40% do valor da aposentadoria.

Sobre a diminuição da oferta de empréstimos do BNDES, Fraga mantém o seu discurso de “ajuste fiscal” com corte de gastos e redução do Estado. “A sociedade tem que fazer opções. O nosso papel é colocar essa discussão na mesa, de uma maneira que ela possa ser concluída com mais consciência dos custos e benefícios e quais são os efeitos do ponto de vista do crescimento, da distribuição de renda. Há um imenso espaço para fazer políticas que teriam impacto redistributivo relevante. O caminho a seguir foi mapeado pelo FHC. Ele tomou a decisão de delegar áreas que naquele momento faziam parte do governo para o setor privado, sob supervisão, para focar em saúde e educação”.

Da Redação do Portal Vermelho
Com informação da Folha de S. Paulo