Donetsk e Lugansk são favoráveis ao processo de paz na Ucrânia

As proclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk levaram ao conhecimento do governo de Kiev a sua posição consensual quanto a solução da crise na Ucrânia. 

ucrania confronto odessa - Agência Efe

No entanto, Kiev se recusa, a conduzir conversações diretas com Donetsk e Lugansk. Não é por acaso que o documento encaminhado a Kiev contém a exigência de reconhecê-las como “sujeito do conflito”, e, ao mesmo tempo, como parte nas conversações de paz. Esta condição se destina tanto às autoridades atuais da Ucrânia, como aos outros participantes do processo negocial – à OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e à Rússia.

Enquanto isso, a OSCE, cumprindo um mandamento político dos EUA e da União Europeia, fica reticente. Moscou, por sua vez, tem apelado a entabular negociações com representantes das repúblicas proclamadas.

Entre outras reivindicações se destacam o princípio de igualdade nas conversações, o reconhecimento do estatuto regional da língua russa e a realização de eleições de todos os ramos do poder. As novas repúblicas desejam desenvolver a integração econômica com a Rússia e a Aliança Aduaneira, da qual fazem parte a Bielorrússia e o Cazaquistão. Para o efeito, elas necessitam ter o direito explícito de decidir sobre a sua atividade econômica externa.

Se estas condições forem cumpridas, Donetsk e Lugansk prometem empreender os esforços máximos para a manutenção da paz e a conservação do espaço econômico e cultural comum com a Ucrânia.

Na opinião do politólogo russo Leonid Poliakov, Donetsk e Lugansk deram um passo importante para pôr termo à guerra fratricida:

“É muito importante que Donetsk e Lugansk tenham obtido a possibilidade de expor sua posição, que é bastante moderada. Da sua parte, foi feita uma concessão muito séria – retorno à Ucrânia nos termos de autonomia alargada. Antes, as repúblicas haviam declarado a independência, afastando qualquer hipótese de reintegração. Agora chegou a vez de Kiev de reagir à sua proposta. Se a Ucrânia guardar silêncio sem fazer comentários, mantendo o seu posicionamento anterior, alheio à autonomia e favorável ao unitarismo como a única opção, então o partido da guerra, incentivado por Washington, vai levar a melhor, conduzindo o país para o abismo”.

O ministro russo Serguei Lavrov expôs a posição russa. “Vamos nos sentar à mesa de conversações e não ameaçar com sanções, nem apresentar exigências inviáveis para as milícias deporem as armas e admitirem assim o seu aniquilamento. O plano de paz de Piotr Poroshenko se resume a um cenário desses”.

Em 5 de setembro deverá ocorrer em Minsk, capital Bielorrússia,  mais uma reunião do Grupo de Contato. A possibilidade de chegar a um acordo de paz ainda existe, embora o ministro ucraniano da Defesa, Valeri Gueletei, após a última rodada de negociações, tivesse lançado um apelo absurdo no sentido de iniciar uma Grande Guerra Patriótica contra a Rússia em que as perdas se estimarão “em dezenas de milhares” de pessoas. Depois desta declaração belicista, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse “pôr em dúvida o comportamento adequado do ministro”.

Voz da Rússia