Ataque ao trabalho: Ministro francês questiona 35 horas

A remodelação do governo francês, a quarta em dois anos, representa mais uma guinada dos socialistas para a direita, apostando na continuidade das políticas anti-sociais.

Arnaud Montebourg

Nomeado em 26 de agosto pelo presidente François Hollande, o novo gabinete francês surge expurgado das vozes críticas, em particular do ministro da Economia, Arnaud Montebourg, que entrou em confronto direto com a linha do governo, qualificando a obsessão pela redução do déficit como "uma aberração econômica" e "um absurdo financeiro".

Ostensivamente, a pasta da Economia foi dada a Emmanuel Macron, ex-quadro do grupo financeiro Rothschild e até agora conselheiro de Hollande, considerado pelo diário Le Monde como "o braço direito" do presidente.

Macron, que não é membro do Partido Socialista, fez questão de apresentar de imediato as suas credenciais. Em entrevista ao jornal Le Point, o novo ministro declarou-se favorável à supressão do horário das 35 horas em setores de actividade e empresas, mediante acordo majoritário com os trabalhadores.

Embora tenha sido logo corrigido pelo governo, que se apressou a dizer a questão não está na ordem do dia, Macron suscitou de imediato críticas dos sindicatos e recebeu o apoio do patronato.

Segundo disse, a revisão das 35 horas semanais poderia contribuir para "sair da armadilha em que a acumulação de direitos dos trabalhadores se transforma em obstáculos para os que não trabalham".

Esta linha de ataque aos direitos trabalhistas é condizente com o discurso do primeiro-ministro, Manuel Valls, feito no dia 27, durante a universidade de Verão organizada pela confederação patronal Medef.

Ali, Vals declarou o seu "amor à empresa", sentimento que lhe valeu uma ovação de pé dos patrões. E assegurou que o seu governo "atua para as empresas", prometendo que os deputados socialistas "estarão à altura da situação" e "aprovarão as reformas necessárias".

Uma dessas reformas, chamada "pacto de responsabilidade", prevê reduções fiscais às empresas no montante superior a 40 bilhões de euros. Em contrapartida, o governo anuncia cortes na despesa pública de 50 bilhões.

Fonte: Avante!