Japão manterá relacionamento com Rússia, apesar da pressão dos EUA

O Japão pretende continuar o diálogo com a Rússia para a resolução da questão territorial e a assinatura de um acordo de paz, anunciou o ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida.

Fumio Kishida, ministro do Japão - Voz da Rússia

Ele destacou que “atualmente, entre o Japão e a Rússia, existem algumas dificuldades, nomeadamente no que concerne à questão ucraniana, contudo, o Japão valoriza mais o diálogo político com a Rússia”.

“Considero que é essencial olhar com atenção para esse tipo de diálogo e continuar a resolver os diversos problemas que existem entre o Japão e a Rússia”, afirmou o ministro. Essas palavras de Fumio Kishida possuem um fator muito significativo, diz o especialista russo de Japão da Escola Superior de Economia, Andrei Fesyun.

“Não obstante toda a sua orientação pró-americana, Kishida anuncia que é preciso manter e desenvolver as relações com a Rússia. Isso é significativo. Primeiro porque o executivo não pretende cortar os laços que já foram criados com a Rússia. Aliás, ainda não foi dito nada, nem por uma parte nem pela outra, nem pela Rússia nem pelo Japão, quanto a um eventual cancelamento ou adiamento da visita de Putin. Considero que se trata de um momento revelador e significativo, que demonstra a reação contida de Tóquio face aos mais recentes acontecimentos na Ucrânia. Além disso, a Rússia compreende a dimensão da pressão a que está sujeito o Japão, por parte dos EUA, no que concerne a crise ucraniana, sendo imprevisível que tipo de nova pressão exercerá Washington face a Tóquio perante os novos acontecimentos na Ucrânia”.

Sobre esta pressão, falam abertamente alguns políticos niponicos. Estando, atualmente, na cidade russa de Tomsk, o prefeito de Tóquio, Yoichi Masuzoe, afirmou que os EUA pressionam o Japão para que o país aplique sanções contra a Rússia. Realçando o fato das sanções japonesas não terem peso significativo.

Mas esta política de sanções é uma faca de dois gumes, avalia Andrei Fesyun. “A guerra de sanções iniciada pelos EUA, é preciso compreender, não terá vencedores, todos os participantes terão apenas problemas acrescidos. Em resposta às sanções contra si impostas a Rússia teve que responder com medidas próprias. Europa já sentiu as consequências nefastas. Está na altura de compreender que quanto mais limitações forem criadas na arena internacional ou política, pior será a situação de todos os participantes na guerra de sanções. Não é segredo que, em termos pessoais, muitos na Europa afirmam compreender a posição da Rússia, já em termos oficiais prevalece a retórica acusatória face a Moscou. Muitos especialistas russos repararam no fato de as autoridades de Tóquio terem reduzido ao mínimo as sanções face à Rússia”.

Atualmente podemos afirmar que, tendo como pano de fundo os acontecimentos na Ucrânia, o relacionamento russo-nipônico tornou-se mais complexo, contudo a perspetiva de desenvolvimento não desapareceu. Prova disso são as últimas declarações de Fumio Kishida.

Voz da Rússia