PM avança violentamente contra moradores sem-teto na capital paulista

Os moradores sem-teto que ocupavam um prédio no centro da capital paulista foram surpreendidos pela PM na madrugada desta terça-feira (16). As negociações começaram por volta das 6h, porém, sem ter para onde ir, nem como carregar os pertences, as famílias que vivem no local há mais de seis meses resistiram. A PM reagiu com truculência e a região central parece estar em clima de guerra com a Tropa de Choque, helicópteros de apoio, balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

Desocupação de prédio no centro de SP com Choque - Marília Moschkovich

A juíza Maria Fernanda Belli, da 25ª Vara Cível do Foro Central, determinou a reintegração de posse do prédio, a pedido da empresa proprietária do imóvel, a Aquarius Hotel Limitada. A Justiça requisitou o apoio da Polícia Militar na desocupação. De acordo com a secretaria, a reintegração estava prevista para ocorrer no dia 11 de junho, porém, na ocasião, foi cancelada porque não foram disponibilizados pela empresa proprietária do imóvel os meios necessários para a desocupação (caminhões e carregadores para o transporte dos pertences dos moradores).

O conflito começou justamente quando as famílias resistiram à ordem da PM de que deixassem o local imediatamente, sem tempo para que eles carregassem pessoalmente seus pertences. Diante da argumentação das famílias, a Polícia deu início à operação de ocupação do prédio com a Tropa de Choque; relatos locais dão conta ainda de que policiais montaram um "corredor polonês" para retirar moradores resistentes de dentro do prédio.


Morador tenta fugir da agressão da PM quando as famílias já estavam sendo removidas
 
Por volta das 8h a situação saiu totalmente de controle, os ocupantes do prédio lançaram móveis e lixo nas ruas para obstruir o caminho dos policiais, que se organizam em linhas de escudos e cacetetes para "varrer" as ruas do centro, toda a região do Viaduto do Chá, até a Praça da República. Enquanto a polícia avança com balas de borracha e bombas, os sem-teto respondem com paus e pedras.
  

Foto tirada por moradora da região mostra o cenário de guerra causado pela Polícia Militar | Dandara Lima
 
Uma das integrantes do movimento, Shirley Santana, disse que estava no interior do prédio quando a polícia chegou e atirou bombas pela janela. "As pessoas resistem porque elas não têm para onde ir", contou. Várias crianças desmaiaram devido ao efeito do gás lacrimogêneo. Segundo uma publicação da Frente de Luta por Moradia (FLM) as famílias foram “massacradas” pela PM.
Um grupo de moradores ainda foi detido, por volta das 10h30. A PM não informou quantas pessoas foram presas, mas saiu do local com um micro-ônibus completamente lotado.

Programa habitacional da prefeitura

Em contrapartida à violência policial impulsionada pelo governo do Estado de São Paulo, a prefeitura tem desenvolvido programas habitacionais que garantem moradia e respeito aos trabalhadores sem-teto. Na última sexta-feira (12), o prefeito Fernando Haddad assumiu um compromisso com as famílias da favela do Piolho, na região Sul, de que elas vão permanecer no local até que sejam construídos os 500 apartamentos para acomodá-las.

Depois de um incêndio que destruiu praticamente todas as casas da favela no domingo (7), as famílias ficaram desabrigadas. O prefeito se comprometeu em construir os apartamentos no mesmo local e até que estejam prontos as famílias poderão optar em receber o auxílio-aluguel ou permanecer no terreno.

Por Mariana Serafini, da redação do Portal Vermelho
com RBA