Afeganistão anuncia o nome do novo presidente

Ashraf Ghani Ahmadzai será o novo presidente de acordo com os resultados das eleições, anunciou no domingo (21) o chefe da Comissão Eleitoral Independente, Ahmad Yusuf Nuristani. O rival de Ahmadzai, Abdullah Abdullah irá desempenhar as funções do cargo equivalente ao posto de primeiro-ministro interino.

Karzai - AP / Rahmat Gul

O chefe da Comissão Eleitoral Independente fez essa declaração passadas algumas horas após os dois líderes terem assinado um acordo sobre a divisão dos poderes no futuro governo de unidade nacional.

Os acontecimentos do último domingo põem ponto final à crise política que começou em 14 de junho, dia em que decorreu a segunda rodada das eleições presidenciais. Naquela altura,

Abdullah Abdullah, líder seguro da primeira rodada que havia ocupado apenas a segunda posição na segunda volta eleitoral, acusou a equipe de Ashraf Ghani Ahmadzai de falsificação de resultados da votação. Ahmadzai apresentou acusações análogas. Os dois candidatos acordaram que fosse efetuada uma contagem independente dos boletins eleitorais, que terminou há dias.

Entretanto, os resultados da contagem voltaram a incentivar apenas as discussões. Há alguns dias, já no fim da contagem, os representantes de um dos candidatos declararam desconhecer a origem de um milhão de boletins. Os dois políticos tiveram muitos encontros para discutir os resultados da votação e, em resultado, preferiram aceitar compromissos recíprocos. Mas, pelo visto, a definição de suas condições concretas também foi difícil.

Segundo escreveram veículos de comunicação afegãos, Abdullah insistia em presidir às sessões do executivo e fazer altas nomeações governamentais. Ahmadzai respondia por seu lado que esta era uma prerrogativa presidencial.

“Esta é uma ideia antiga de Abdullah – fazer deslocar a Constituição do Afeganistão da república presidencial para a parlamentar. Além disso, Abdullah manifestava-se a favor da maior federalização do Afeganistão. Mas uma parte considerável da classe política do país tem fortes preconceitos em relação a essas reformas”, disse Nikita Mendkovich, especialista do Centro de Estudo do Afeganistão Contemporâneo.

Finalmente, ao que tudo parece, essa questão também foi acordada. O “segundo líder” irá efetuar reuniões semanais do gabinete de ministros, mas, nominalmente, o presidente continuará a desempenhar as funções de chefe do governo. Quanto à nomeação para os cargos-chave, as pessoas das equipes das duas primeiras personalidades irão compor partes iguais na direção das estruturas ligadas à economia e à segurança.

Está acordado que dentro de dois anos será convocada a Assembleia Nacional dos Decanos (Loya Jorga) que examinará a constituição do novo posto de primeiro-ministro. Para isso, será necessário alterar a Constituição com a aprovação de deputados da Loya Jorga. Se tal acontecer, o “segundo líder” irá transformar-se num primeiro-ministro “efetivo”. Entretanto, Ashraf Ghani Ahmadzai assevera que o Afeganistão continuará a ser uma república presidencial.

A cerimônia de tomada de posse de Ahmadzai está marcada preliminarmente para 29 de setembro. Como se espera, um dos primeiros passos políticos do novo chefe de Estado será a assinatura do Pacto de Segurança que permitirá a forças dos EUA ficar no Afeganistão após 2014.

Fonte: Voz da Rússia