Premiê russo expõe metas de desenvolvimento econômico

A Rússia não pretende usar um modelo de austeridade econômica, cabendo ao governo realizar o rumo econômico antigo. Quanto aos problemas causados por sanções antirrussas, o país poderá superá-los. Quem o afirma é o chefe do executivo russo, Dmitri Medvedev, alegando a opinião geral de peritos.

Por Igor Siletsky, na Voz da Rússia

Premiê russo Dmitri Medvedev

Por isso, se afiguram como inoportunas as conversas e conjecturas diversas sobre a criação de economia fechada. Os princípios básicos de política macroeconômica serão mantidos, asseverou Medvedev, discursando perante participantes do Fórum de Investimentos em Sochi:

“O mais importante nessa etapa é não se apressar e evitar um ambiente de agitação. Temos seguido metas inabaláveis ao abrigo de um programa de desenvolvimento até ao ano 2020, as portarias presidenciais emitidas em 2012 e as linhas mestras da atividade do governo. Não estamos alterando nada e não cancelamos os programas estatais”.

É verdade que a Rússia está vivendo tempos muito difíceis. Muitas empresas, privadas de acesso aos créditos baratos, concedidos por bancos da Europa e dos EUA, se viram em situação complicada devido à limitação das importações de alguns tipos de equipamentos e tecnologias. No entanto, o governo deverá aproveitar tal conjuntura econômica para dar impulso ao desenvolvimento da economia nacional. Os atuais problemas serão, cedo ou tarde, equacionados, realça o chefe do governo russo, adiantando:

“As sanções estúpidas irão passar, enquanto as relações econômicas serão mantidas. Serão igualmente abertos mercados de divisas. Não há nada de novo nesse mundo e nós estamos dispostos a aguentar a situação atual”.

Não será fácil, claro, substituir logo as importações na esfera de tecnologias sensíveis. O governo se propõe a apoiar projetos financeiros competitivos. No domínio de indústria alimentar, o quadro tem sido menos doloroso: os artigos europeus cederão lugar aos alimentos produzidos por países asiáticos e latino-americanos, capazes de fazer concorrência às mercadorias russas pelo preço e pela qualidade.

O Ocidente procura prejudicar, sobretudo, a esfera de investimentos. Todavia, a Rússia tem demonstrado a estabilidade política e macroeconômica, o que, naturalmente, fez melhorar a atitude de investidores, cujo interesse nem diminuiu por causa de sanções, salientou o vice-primeiro-ministro russo, Arkadi Dvorkovich:

“O interesse não diminui e até se mantém em patamar bem alto. Se constata, porém, uma redução do volume de negócios, pelo que as sanções impõem novas normas e regras jurídicas. Mas as empresas estrangeiras querem trabalhar no mercado russo.”

Em virtude do interesse e do desejo de estreitar a colaboração é mais fácil encontrar novas soluções para os problemas em suspenso, disse o vice-premiê:

“As sanções estão produzindo um efeito interessante. As empresas estrangeiras já não podem fornecer certos tipos de produtos, mas podem fazer investimentos e organizar a produção aqui, na Rússia. Muitos fundos e companhias de investimento se prontificam a destinar meios na etapa inicial de vários projetos no intuito de buscar novas vias de cooperação mutuamente vantajosas”.

As perspectivas da economia russa foram examinadas ainda na recente reunião do Conselho de Estado (CE). No parecer de seus participantes, nos últimos anos, os empresários russos, gozando de um apoio estatal mínimo, têm demonstrado a capacidade de realizar o programa de substituição das importações.

Conforme os cálculos do CE, o volume de substituição deverá rondar 4 trilhões de rublos nos próximos 2-3 anos. Sob esse pano de fundo, serão criados cerca de um milhões empregos, proporcionando receitas orçamentais no valor de 500 milhões de rublos. Se a Rússia cumprir este programa, poderá realizar um avanço econômico significativo para o qual antes teriam sido necessárias dezenas de anos.

Fonte: Voz da Rússia