OSCE descobre tráfico de órgãos na Ucrânia
No leste da Ucrânia atuaram traficantes de órgãos. Em sepulturas coletivas encontradas na Bacia do Don (Donbass) foram descobertos corpos que tiveram órgãos internos extraídos.
Por Natalia Kovalenko, na Voz da Rússia
Publicado 01/10/2014 12:33

Essa informação foi confirmada pelos observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que se encontram na Ucrânia. Deverá ser criada uma comissão especial, com a participação de peritos internacionais, para investigar as causas e as circunstâncias da remoção dos órgãos.
O Donbass, que já foi a região carbonífera da Ucrânia, agora se dedica a outro tipo de escavações. Durante as várias semanas que decorreram depois do estabelecimento do cessar-fogo entre Kiev e as milícias no leste do país foram descobertas várias valas comuns nas regiões em que antes se encontravam as unidades do exército e os paramilitares da Guarda Nacional. Os cadáveres de homens e mulheres, vestidos ou despidos, com as mãos atadas e sinais de balas, foram simplesmente amontoados e cobertos com um pouco de terra. Neste momento eles são mais de 400.
Quando as autoridades das repúblicas populares de Donetsk e de Lugansk iniciaram a exumação dos corpos, foram descobertos pormenores ainda mais horríveis dos crimes dos militares ucranianos. Foram encontrados cadáveres com a barriga aberta, e aos quais faltavam órgãos internos.
A representante especial da OSCE para o combate ao tráfico de seres humanos, Madina Djarbusynova, confirmou essa informação em direto na televisão ucraniana e declarou que a situação exige uma investigação exaustiva com a participação de peritos internacionais. Os representantes da prestigiada organização internacional não excluem uma possível atividade de tráfico ilegal de órgãos na Ucrânia, refere o perito Alexander Karasev:
“Há muito pouco tempo surgiu um caso desses durante o conflito entre os sérvios e os albaneses na Iugoslávia. Foi provado que aí foi praticado tráfico de órgãos. Os traficantes retiravam órgãos internos aos sérvios que ficavam prisioneiros dos albaneses, órgãos que depois eram vendidos na Europa. Isso provocou um considerável escândalo internacional, mas o caso foi praticamente abafado, porque esse negócio era na altura dirigido por Hashim Thaci, o qual se tornou no primeiro-ministro da parcialmente reconhecida República do Kosovo.”
Já há muito que o mercado negro de órgãos da Europa e da América é abastecido a partir da Ucrânia. Basta consultar os anúncios nos sites locais. Eles procuram doadores entre a população mais desfavorecida do país. E eles encontram-nos. Mas eles têm de ser pagos. Por um rim, por exemplo, são oferecidos 200 mil euros. Um conflito militar é uma possibilidade para tornar esse negócio mais rentável.
Este já não é o primeiro escândalo na Ucrânia associado ao tráfico de órgãos. No verão, durante o pico da operação militar, durante a exumação de corpos de soldados ucranianos mortos no leste do país, se verificou que parte dos corpos estava desprovida de órgãos internos.
Mais tarde, na Internet foi divulgada a correspondência entre Serguei Vlasenko (advogado da conhecida figura política do país Iúlia Timochenko) e a médica alemã Olga Wieber. A correspondência tratava da venda de órgãos de jovens recrutas ucranianos a clínicas na Alemanha.
Havia mesmo uma encomenda específica de 17 corações, 50 rins e 5 pulmões, acompanhada do pedido para que os órgãos fossem retirados a pessoas ainda vivas, porque dos mortos a “mercadoria já não tinha qualidade.”
A Ucrânia foi na altura abalada por uma vaga de indignação. Kiev negava a própria possibilidade da existência desses crimes na linha da frente, mas sossegou todos com a promessa de realizar um inquérito, recorda o perito do Instituto Internacional de Estudos Políticos Humanitários Vladimir Bruter:
“Logo no início, quando esses sinais apenas tinham surgido, a sociedade exigiu a criação de uma comissão especial pelo Ministério da Defesa da Ucrânia. Esse caso deveria ser primeiro investigado dentro do país, mas, tendo em conta a situação política, não o fizeram e encarregaram disso quem comandava diretamente as operações militares.”
Eis o resultado. As “peças sobressalentes” deixaram de ser cortadas dos soldados e passaram a ser retiradas dos civis. Os militares entregavam os habitantes detidos nos territórios ocupados do Donbass aos cirurgiões-carniceiros. Estes cumpriam as “encomendas” e o material que sobrava era descartado: as pessoas mutiladas eram abatidas pelos militares com um tiro na cabeça. Não são só os corpos esventrados que nos indicam que a máquina do tráfico de órgãos trabalhava no leste da Ucrânia a todo o vapor.
Os milicianos tomavam frequentemente hospitais de campanha com instrumentos cirúrgicos e equipamentos médicos especializados. Por estranha coincidência, nas redondezas era normalmente registrada uma grande quantidade de habitantes desaparecidos. De muitos deles continua a não se saber nada.
Fonte: Voz da Rússia