Governo paraguaio assina acordo com camponeses ocupantes de terras

O governo paraguaio assinou um acordo com os camponeses ocupantes de parte de um latifúndio e comprometeu-se a entregar-lhes parcelas e libertar a 57 camponeses até hoje presos pelo chamado massacre de Curuguaty.

Presos políticos de Curuguaty irão a julgamento - Mariana Serafini

O documento que compromete seriamente ao Executivo em um sensível tema inclui a criação de um assentamento de dois mil hectares nos arredores do lugar onde o sangrento desalojo ocorrido no 2012 provocou a morte de 11 rurais e 6 polícias.

A zona pertence ao Estado mas está em litígio com a família de um falecido dirigente do governante Partido Colorado acusado de obter ilegalmente títulos sobre essas terras durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).

Leia também:
Preso político paraguaio inicia nova greve de fome para exigir justiça

O acordo, que permitiu esta madrugada o abandono da ocupação por mais de 150 integrantes de famílias camponesas evitando um novo episódio de violência, foi avalado por Justo Cárdenas, presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária.

Pela primeira vez também, segundo informou Jorge Ignacio Ovelar, um dos dirigentes da ocupação, o compromisso incluiu a libertação dos 57 presos e o cesse de perseguição a quem se encontram prófugos.

Um motivo de dúvida sobre a efetividade do subscrito é o acionar que utilizará o Executivo para deixar totalmente livres a quem se encontram em liberdade condicional e sobretudo ao dirigente camponês Rubén Villalba, em greve de fome depois de mais de dois anos preso sem condenação.

Neste assunto destaca a irredutibilidade de promotoras e juízes, muitas vezes acusados pelos camponeses de estar a serviço dos latifundistas e negados a aceder à retirada das acusações feitas contra os camponeses pelos acontecimentos de Curuguaty.

Fonte: Prensa Latina