Funcionários do BNB reafirmam importância dos Bancos Públicos 

A imprensa tem noticiado declaração proferida pelo ex-presidente do Banco Central do governo de Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga, na qual ele defende a redução do papel dos bancos públicos na economia brasileira, sob a alegação de que "esse modelo, com três grandes públicos (BNDES, BB e CEF), não é favorável ao crescimento e ao desenvolvimento", chegando a dizer que não sabe bem "o que vai sobrar no final da linha, talvez não muito”.

Por Rita Josina*

A AFBNB vem a público repudiar tais declarações, reafirmar a importância das instituições públicas de modo geral e dos bancos públicos em particular, com o diferencial que possuem em relação às instituições privadas.

A história recente da economia mundial mostra exatamente o contrário do que afirma o ex-ministro: durante a crise de 2008, iniciada nos Estados Unidos – que repercutiu em todo o mundo – enquanto os bancos privados fecharam as portas ao crédito, os públicos se mantiveram firmes, inclusive ampliando a sua ação, fazendo com que, no Brasil, os impactos negativos fossem bem aquém daqueles sentidos em outros países.

No final das contas, coube ao Tesouro norte-americano socorrer bancos e empresas privadas, sem a permissão do povo, numa inversão de prioridades e desrespeito à democracia e à sociedade. Convém enfatizar que essa era a mesma filosofia pretendida pelos defensores do neoliberalismo. Felizmente, essa receita não foi adotada aqui.

No Brasil, especificamente, as desigualdades regionais existentes exigem instituições de desenvolvimento fortes, a exemplo de um banco com o caráter do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

Para esse propósito, a AFBNB tem lutado de forma permanente junto ao governo federal e demais entes do poder político, no intuito de que sejam concedidas ao Banco condições de exercer plenamente a missão para o qual foi criado: atuar na promoção do desenvolvimento, com a erradicação das desigualdades.

No documento "Carta Compromisso pelo Desenvolvimento Regional", lançado pela AFBNB em 2010 e encaminhado aos então candidatos à presidência da República, está explicitada a importância da mobilização do sistema financeiro privado para o financiamento de investimentos produtivos, com especial atenção ao fortalecimento do sistema financeiro público.

No documento encaminhado aos presidenciáveis nas eleições de 2014 – "Nordeste, sem ele não há solução para o Brasil" – com a visão sobre o modelo de desenvolvimento econômico para o país, a Associação reafirma a necessidade de maior regulação da atuação dos bancos privados e fortalecimento do sistema financeiro público, em especial dos Bancos Regionais, pela missão de Estado que devem desempenhar.

Os recursos públicos do país não devem ser instrumento para as barganhas da lógica perversa do mercado, e sim para ser aplicado em políticas que resultem nas melhorias das condições de vida do povo brasileiro.

Para a AFBNB, o direcionamento de priorizar bancos privados, regidos tão somente pela lógica do capital, em detrimento dos bancos públicos – que têm como fulcro o papel social – é mais do que um retrocesso, representando um risco grande para o país e o povo brasileiro.

Essa cantilena é conhecida e enseja mais privatização, que implica, no caso do BNB, especialmente, prejuízo para o Nordeste e toda a área de atuação do banco, enfim, de aplicação do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE). Os esforços que a Associação tem empreendido vão em outra direção: a reafirmação do Banco do Nordeste do Brasil na perspectiva do seu fortalecimento e crescimento.

*É Presidenta da AFBNB (Associação dos Fundionários do Banco do Nordeste do Brasil)