Viúva de Thomas Sankara saúda vitória do povo em Burkina Fasso

A viúva do capitão Thomas Sankara, líder da revolução burkinabe assassinado durante um golpe de Estado que permitiu a Blaise Compaoré chegar ao poder em 15 de outubro de 1987, regozijou-se com a insurreição popular que destituiu o Presidente burkinabe após 27 anos de liderança.

Thomas Sankara - BBC

"Eu sinto uma imensa alegria (…) ao assistir à destituição do (Blaise Compaoré) que pensava que o Burkina lhe pertenceria eternamente", lê-se num comunicado a partir de França, onde ela reside desde a morte do seu marido.

No comunicado, a viúva de Thomas Sankara agradeceu a todos que contribuíram de longe ou de perto para "evitar o caos político" no qual Compaoré e os seus amigos queriam mergulhar Burkina Fasso.

Em 30 de outubro último, uma maré humana invadiu a Assembleia Nacional, onde os parlamentares se preparavam para votar uma lei que abriria o caminho a Blaise Compaoré para um novo mandato em 2015.

A fúria da população obrigou Compaoré a demitir-se antes de encontrar refúgio na Costa do Marfim.

Segundo o balanço provisório, a insurreição popular causou 30 mortos, mais de uma centena de feridos e vários bens públicos e privados dos próximos do antigo regime foram vandalizados e saqueados.

"Blaise Compaoré nunca imaginou a vossa mobilização demonstrada em 30 de outubro de 2014", sublinhou a víuva de Thomas Sankara, apelando às vítimas para recorrer à justiça nacional e internacional para que o presidente burkinabe deposto responda pelos seus atos.

Thomas Sankara e quatorze dos seus camaradas, mortos durante um golpe de Estado em 15 de outubro de 1987, foram sepultados no cemitério de Dagnoën, em Ouagadougou, sem que as suas famílias pudessem identificá-los. Desde então, a justiça tem dificuldades a dar uma sequência favorável a este caso.

As ideias revolucionárias de Thomas Sankara continuam a orientar grande parte da população burkinabe, nomeadamente a juventude que representa mais de 60% dos 16 milhões de habitantes.

Fonte: Panapress